sábado, janeiro 08, 2011

Por que Indecentes Palavras?

Geralmente não me concedo justificativas. Elas não funcionam. É natural que este seja um registro parecido com isto, portanto curto. Mas nem tanto, nem pouco, nem tarde, um texto que me traz perguntas mais do que respostas. Então me permito.
Também é fato que ultimamente tenho me perguntado sobre esta nomeação. O que há de tão indecente em se falar de universais assuntos? Ah! Sim! É que não são de todos estas questões; sobre esta  função específica de viver para além, esta mesma determinação que têm os gametas na sua perpetuação, quando vistos assim.Mas perpetuação do quê?
Quero os líquidos, eu dizia há pouco... quero o sêmen  dos que desejam plantar.Isso é indecente quando se trata de canção.Só porque eu não sei cantar!
São as palavras indecentes? Sim, sempre o são. O registro delas, bem mais. É verdade pura, letra após letra, texto após texto. Nem tanto pelo que dizem, mais pelo que não é possível dizer.O apelo da vida mais do que morrer.
Mas morrer é o que se espera, é bondade sem ser sincera; dá lucro para alguns que se sustentam na perversa permissão de não existirem.
A sexualidade não é passível de ser reprimida. Ela vem. Não como retorno.Não!Ela somente está! Seja no adultério, no trabalho das prostitutas, no direito conjugal, no ato passional, nas fantasias únicas. Que Freud não me deixe mentir ela surge e se adapta ou não, ela se encaixa para sobreviver. Amar... ah, é outra coisa. É escolher.
Costumo pensar que a sexualidade não faz muita coisa além do que perpetuar uma sobrevida. Isso é moralmente aceito, por incrível que pareça.
 Amar, porém, é registro de impossibilidade de consumação. Afinal sempre se quer mais quando se ama. Isso é indecente. O desejo do amor não é somente sexual. Sustenta-se para além disto, na falta inscrita no corpo.Ou seja: sou tua enquanto me tens, sou teu enquanto te falto.O ato em si...é somente parte.
 A sexualidade e o amor, quando juntos, fazem coisas que não morrem mais no mundo.
Mas afinal, qual a palavra que não é sexual? Vamos escrever juntos?
Seguimos...

3 comentários:

  1. Eis que o 'Indecentes Palavras” provoca nova investida da autora deste blog para justificar-se a determinados leitores. O quê mesmo? Melhor, talvez, a palavra 'apor' ao que foge do melodioso e do musicado da cosmologia poética, do ato de escrever e do ofertar-se escritos à leitura. São as palavras ou as letras das palavras os que não as suportam na nudez, na pele exposta para o sexo e para o amor? Incomodam-se com o quê? Com a intimidade? Com a tentação? Faz-se, deixa-se fazer. Ato de criação. O sêmen é ato e prazer, recíproco para quem doa e para quem recebe. Os amantes se lambuzam e com ele a mulher se fertiliza, gera o que será dela e do guerreiro. Palavra. Nela a metamorfose, a mudança intensa e rápida. O estorvado pode não depreender da própria sensibilidade, quer seja da planta dos pés, que se fere ao andar no pedregulho ou se massageia deliciado ao deslizar na suavidade da relva úmida. Qual a sensibilidade do tato de cada um e de cada qual? Palavras soam e seguem adiante, mesmo as indecentes nas promessas e incertezas. Corpos nelas se afagam, tremem prazerosos na penetração, sofrem e se afligem no indesejado. São elas rótulos que se pegam às coisas, não são as coisas. Com a palavra 'palavra' José Saramago filosofa em “As Intermitências da Morte”: “Nunca saberás como são as coisas, nem sequer que nomes são na realidade os seus, porque os nomes que lhes deste não são mais do que isso, os nomes que lhes deste”. “Por que Indecentes Palavras”? Há pressuposição de estar sendo a Adriana seduzida, desejada ou patrulhada? A iguaria está exposta neste manjar que é nuvem. Que tal?

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  2. Carlos!
    Bem vindo novamente.És sempre meu convidado.Pois é...É raro mas as vezes eu penso e repenso ( eheheh)e coloco no papel.Mas o que fazer?
    A nudez não é uma escolha e nem prazer.Ela só é!
    Andiamo!
    beijo grande

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  3. Ruim quando o sentido tem que ser explicado... denota-se tanto em nome do isso e do aquilo, quando na verdade ao nomear queremos fugir do momento derradeiro sempre.

    Concordo com Carlos na leitura de Saramago: com a palavra 'palavra' José Saramago filosofa em “As Intermitências da Morte”: “Nunca saberás como são as coisas, nem sequer que nomes são na realidade os seus, porque os nomes que lhes deste não são mais do que isso, os nomes que lhes deste”.

    Simples não? e o que seria um coco numa árvore, sem o olhar do homem... talvez apenas alimento (rs)... o que seria indecente sem o nosso olhar, o nosso filtro em sentimentos?

    Beijos.

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