domingo, julho 28, 2013

Poemas para crianças

Para Anita, Luiz, Cássio, Carolina,Luti,Deise, Daniela,Joana,Ester,Maira,Aimée,Léo,Gui,Vagner,Fantasminha Pluft Georgius,Andressa, euzinha,Carlos,Silvio,Naná,Júlio,Neni,Gi,Jú e toda a galera que está vindo aí!

...E tinha um livro que não se podia abrir...um livro esquisito guardado a sete chaves no jardim.Um dia abriu-se sozinho e de tão colorido...vôou pelo dia, pela porta...só para mim.
Para Anita e as crianças, as mais de mil...de todos nós!


Lá na noite
tem um gato
que se esconde
no retrato
da vó
ela que rodopia
quando a gente
nem sabia
que fantasma
não dança só


agora entendo
o sapato da bailarina
que me leva
feito sina
a saltar
sem nunca
cair

a avó deve rir de verdade
já que estas coisas
nem tem idade

estas que vieram antes de mim.
Perdi o sono quando a luz da noite entrou no quarto.Pé ante pé queria o tempo repetido, cada segundo sentido como parto ao contrário.Voltando ao instante antes...assim, meu amor, como enrolar teu cabelo na ponta dos meus dedos.
...a lasca de pele, arrepio... pulsando como semente no meio da alma.
Pés enlameados, com a lata de girinos embaixo do braço.O joelho aberto e dentro, deus! na sua cor laranja avermelhada.Eu não sabia que o mundo não era a casa da tia.Mas afinal, sempre se chega assim...com a aberta ferida do desejo de mais.
Trechos da entrevista à estudante Chaiane Stalter, de Portão:


"... Bem...não decidi escrever.Na verdade é uma necessidade minha, diária.Somos todos escritores porque o inconsciente teme sta estrutura da linguagem: metáfora-metonímia.A escrita é da natureza humana...como o sonho.Porém, alguns registram, publicam, são reconhecidos como escritores.A minha escrita nasceu de uma impossibilidade, quando ainda eu me alfabetizava.Havia dois extremos: a minha facilidade e o discurso materno dizendo que eu teria problemas com a aprendizagem.Eu tinha umas dores de cabeça que com o passar do tempo...revelou-se como sendo enxaqueca.Isso assustava minha mãe que achava que...eu não ia "aprender".
Em análise recordei uma leitura, antes de ir para o colégio...ou seja, antes de entrar no primário eu já lia! Era uma placa próxima aos trilhos dos trens.Dizia: parar, olhar,escutar!Reconheci ali também a minha escolha pela psicanálise! rsrsr Pois é...é nisso que penso na grande diferença entre analisar( estar a frente da análise de alguém) e ler.Acho as duas coisas extremamente parecidas e importantes.Bem...a única diferença é que quando leio, a letra ainda é minha, ou seja, eu me dou ao direito de interpretar como bem entender.Mas, na análise do outro, preciso escutar a letra que não é minha, a palavra que faz diferença não para mim...mas para o outro.Escrever...Ah! Como não falar de si numa letra, numa palavra que é única e sua? "

"...A minha inspiração para escrever é, simplesmente...o som, a palavra, a coisa...qualquer coisa! rsrsr Como eu disse...o poema está lá...basta somente recebê-lo. Gosto de vários autores de diferentes estilos!Sou uma vampira!Gosto não somente da história mas da letra, do sangue do autor.Gosto de pensar de onde ele escreve,d e que lugar subjetivo ele fala! Nisso amo: Clarice Lispector, Saramago, Garcia Marquez,Ítalo Calvino, Lacan( psicanalista),Freud, Cervantes, Sheakspear,Carpinejar,Fernando Pessoa...Gosto da poesia em música de Silvio Rodriguez(poeta cubano),Adoro Pablo Neruda...enfim...estou convencida de que gosto de tudo o que me faz outra."

"...Gosto das tradições gaúchas...mas as de verdade!O que vemos são pseudos tradições, são traços de costumes que não tem lógica alguma.Por exemplo: uma das tradições do gaúcho é o trabalho, o campo! Onde assistimos os movimentos tradicionalistas juntarem-se aos movimentos de preservação, de crítica aos agrotóxicos ou outras questões? Nosso hino é belíssimo mas....atualmente, quando assistimos a luta do gaúcho pelo que lhe é de direito? Então relembro uma belíssima poesia-música de Mário Barbará:"sopram ventos desgarrados carregados de saudade..."

Querida Chaiane Stalter!Agradeço tua atenção e vontade de saber da minha escrita, da nossa, desta coisa toda que é viver num tempo e lugar.Espero ter podido te auxiliar mas, digo com toda a minha verdade, tu me auxiliaste muito...porque escrevendo estas coisas para ti, reconheci outras que eu havia esquecido, me fiz diferente ...e te agradeço, para sempre, por isso.Beijo grande!
Qualquer dia destes te recebo com ar de domingo e como vinho tinto mancho minha vida para sempre.Num destes dias, faço a comida, coloco a mesa e uma música dos anos 80.Assim, num destes sonhos, no Natal e na Páscoa compomos...um poema simples, sem palavras.Qualquer dia destes...a vida nos cala.