sábado, janeiro 22, 2011

Costurando antes de mim

A máquina de costura faz um barulho estranho.As crianças cresceram e os tecidos tantos.Ontem sangrei demais e fiz palavra diferente com o sobrenome que ficou.Coisas de veia e vapor.
As crianças correm na rua, arrumando galinhas e colhendo o bordado da chuva.Tudo com ponto e nó.À mão da verdade refaço-me inteira, o perfume dos dias que não voltam mais.São os farelos da mesa, a aranha que tece sem teia, um a um o que vira pó.
Na estrada surgiu de repente, a carta na mão de gente, e gritei sem fazer flor.Vinha depois de todo o tempo, do mundo, do vento, a resposta que não chegou.Não abri, fiquei espiando.Porque viria matar-me assim?Não abri, pelo cuidado,pela outra que habitou em mim.Não poderia dizer-lhe que tinha que partir.Não suportaria ver-me eu e ela-eu-mesma, depedindo-se das panelas, das cobertas, dos sapatos, das janelas...
É a máquina de cotura que não pára.Faz tanto frio quando não e sim,... vamos embora.

Um comentário:

  1. Teus tecidos poéticos me costuram, me alinhavam, me fazem te escrever s ler continuamanete.

    Beijos e bom final de semana.

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