sexta-feira, março 29, 2013


Contornos

Voltaram um a um das profudenzas, das correntes estranhas, da camada fina que nem é todo o mar. Retornaram aos poucos, restantes, exauridos...dos anos descobertos na quietude sem par.Todos, aos poucos, respirando a verdade que sempre há, iluminados pelas velas do vento que sabem falar.Os barcos, todos eles...voltaram para me levar.

sábado, março 23, 2013

 Encontro

E nos dias de frio, colher flores de primavera, como nas noites de antes do fim.E nos calores escaldantes, aliviar os pés nas águas das pequenas vertentes, adolescentes, como sempre ainda somos, por fim.Ah! E nos silêncios que a solidão traz, dar as mãos e escutar, não a voz!...mas somente a respiração.Quando isso acontecer...estarás, estarei.

sexta-feira, março 22, 2013

Significante

De mim nasceram juncos, espécimes estranhas de caules.E brotaram folhas e seivas.Eu nem sabia que era árvore!

quinta-feira, março 21, 2013

Som

Não costuro mais as palavras!Visto-as como são.Absolvido das tantas culpas, o tecido é o som... das coisas que nos trazem a fome, do silêncio restou.(Adriana Bandeira)

terça-feira, março 19, 2013

Não quero teus cabelos  de volta!Amo a falta deles ...nas  tuas costas desguardadas.
Luciano P

Aprendendo a falar
 
sobre a mesa
sem pressa
tua flor
esparramada
feito palma
destino
mãos

ainda o vaso
vazio
da palavra
na pele
aguardada
como próxima
canção

no gesto de taça
este líquido
esta dor
nisso tudo
que
hoje não

segunda-feira, março 18, 2013

 
 Dias de antes
 
nas primeiras horas do tempo
no plantio das sedes
das vinhas
era o sol
que nos cegava
a fonte
as fotografias

e de agora
tínhamos pensado
em voltar nas tardes
como antes
perdidos em traços
amarrados
na saudade que nunca
há de ser
verso

repara que em nós
só resta
o que plantamos
nas mãos a ternura
de quando
acreditei
em nunca
partir.

sábado, março 16, 2013

 Borboleta

Eu não sabia que as tuas mãos me abririam assim.Um escultor...pousou em mim.

quinta-feira, março 14, 2013

 Lembrança

E tua frase presa na garganta como a telha da casa da infância terminando a construção.

Amantes

Ouço pela fresta tua procura.E me queres! Olhas na cozinha, na sala...no pátio.Eu estaria colhendo flores? Caminhas pelas ruas, pelos bares.Eu estaria dançando?Ouço somente pelos buracos tua ânsia sem palavra.Há tanto tempo não me falas e não me vês.Ouça-me...lá não estarei.Olha para o lado...enquanto matamos um leão por dia.

quarta-feira, março 13, 2013



Cobertor
 
Onde andavas? Se é da espera das cartas que falas...não as enviarei.Quero tuas palavras ao pé do ouvido.Te ouvirei,te ouvirei.
Irei logo...irei trem.

Luciano P.

 Nua

Cortei os cabelos
os receios
agora os beijos
não há mais nenhum
atrativo em mim
somente tem
a outra
minha
a que está
por vir
Dias de abandono

Diz que não é dor esta vontade esquisita , esta batida aflita que a pele reclama aberta.Diz que não é saudade esta ferida que arde de quando eu diria que sim.

segunda-feira, março 11, 2013


  Teu cheiro

Tenho um gesto preso na garganta e minhas vozes queimam em doses de sereno.Falta-me isso que reclamo, que chamo estranho.Tenho teu nome rasgado em flor desenhando meu sexo, meu outro ,meu inquieto sonho, porque me acobertaste o segredo.

 Trabalho diário

A calmaria traz uma onda diferente, nos dias quentes, nos dias frios.Quando o silêncio habita as pedras temo que as primaveras serão tardias.Há de verter a verdade, nas estações da palavra saudade, e ternura nos barcos que vem.Canto...mesmo sem saber.

 Para o cavaleiro

pactá,pactá,pactá,pactá....Ouça! É o silêncio anunciando a estrada.São cavalos ...fomos roubados! Psssiuu!...é a madrugada dizendo adeus.Seja gentil com ela, pois está sempre só.

 Mar

Os pássaros anunciam chão que flutua, destas verdades da carne crua: onde há céu existe um mar.Mergulho só para encontrar.
 Tatuagem

O dia escreveu uma palavra aqui em mim.E "coragem" adormeceu no cansaço destas horas tantas...O dia nunca aprende para sempre. Ele volta sempre a escrever.

 Flor de dentro

E eu coloquei esta flor no cabelo para enfeitar a luz do teu rosto moreno ,quando me toma sem querer.Pintei os olhos e a boca... só para ser tua a flor que trago dentro de mim.Não te apresses ...dentro e fora são meus fins.


Pele da manhã
 
Depressa, depressa que a manhã já chegou e as cobertas devem apanhar sol!Urgência da pele: que respire , que se entregue...ao calor dos tecidos, palavra de amor!

Galope galopando...

Num" lembro não senhor! Foi só um galope..."galopando".Um desses de zunir ouvido de cão.Eram muitos, tantos!.Andantes como os outros, foram passando.Deixaram esta poeira, depois da promessa!.Sempre é assim! Poeira!.Mas nem dá para reclamar!Gente que é gente tem destes ventos , estes farelos.Onde se vai... se deixa resto.Eu aqui deixei de querer mal.Até ajuda a passar o tempo.Porque , este sim, o tempo, que não deixa nada prá trás.Falo por experiência, que lembrança não é resto.É dor de viver para sempre cada coisa que nunca foi.


 Uma questão do tempo
 
Já ias longe quando gritei que sim.E voltaste correndo, desde o mar aberto,coração ainda no peito.Como pôde ouvir-me há tantos anos luz de tempo?

 Espécies

Frio...tímida espécie que treme, bebe e ama.Frio é o prazer da cama, cálice para onde voltam todos os pássaros.


Sons do mar
 
São as nuvens , tuas carícias que abrigam os barcos clandestinos.E são sempre subersivos, os que levam e trazem tuas mãos.

 Cegueira que fala

Tenho os olhos mordidos pelo teu silêncio de fogo.Letra por letra, língua pátria!, tudo o que vejo tem nome.

 Covardia

Percebo o dia que traz a chuva.Com ela, a pele úmida, molda as escamas, escritas da pele.A chuva molha e seca, o tempo aberto de espera pelo barco que no tempo partiu.Não seria a saudade o que faz tecer a verdade, na rede de pesca covarde, no invento do fio?
 
 Um tanto!
 
O que necessito é este tanto, esta espécie rara de encanto que me falta.O que necessito é todo "o isso" que se faz construir.E nada está pronto,nem tão perfeito.O que faz precisão: teu desejo! que me traz o amor como denúncia no peito, por te encontrar por aqui.