domingo, janeiro 02, 2011

Ensaio sobre o amor III

Escrevo para ti que nem é ele, escrevo para este outro inconseqüente. Surge subversivo e inquieto, nas horas todas em que nem lembro. E nem é ele um mesmo , nem a única palavra, seu nome.Não! É só desassossego que rasga a inquietante história dos receios. Dizem alguns que o medo nasceu do desejo ou o próprio desejo nasceu do medo.A verdade fantasma de ter-se nas mãos a falta de palavra, a falta da água que a chuva faz lembrar.
Alucinante silêncio, o do vinho que descansa sem saber se vai ser bebido. Olhando de longe, escondido, dando-se em fermentos que fazem crescer o gosto, sofrimento de transformação.Tornar-se sempre o que o tempo esculpe porque somente o tempo faz  da pedra o rosto, do vento a forma perfeita da palavra só. Assovio da voz.
As crianças seguem para casa. Passam falando, com seus livros nas costas, correndo soltas em pequenos rasgos de luz.É meio dia de verão...ainda.
Hora de descansar. Até agora tirei os sapatos e bebi apenas um cálice.
As crianças estão alegres descendo a rua... alguém se prepara para amar.



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