quarta-feira, maio 23, 2012

Caminho de trem
Para tecer estrada é preciso cavar buracos fundos do nada...embora aparentes somente calados dormentes, da pele na água.

sexta-feira, maio 18, 2012

Linha

É o fio que escorre,separa e segura,que mede e deseja a ternura : que nos pegue pela mão.É o fio que faz a faca, a escultura, fumaça, fio de massa que esparrama letra no chão.Passo na rua, estranha, fio da luz que banha um quarto de amor.(Adriana Bandeira)

Pés pelas mãos
As sombras estranhas acomodam-se tardias, na sala,na casa, na partida, quando não se quer mais.Meu braço desenha o chão e eles, os pés, as mãos.Um há de ser outro para valer  inventar viver para sempre.(Adriana Bandeira)

quinta-feira, maio 17, 2012

VEM DA RAIZ A PRIMEIRA PALAVRA, ÁRVORE QUE RESTA OU RENASCE INTACTA  PARA  SEMPRE  NAS MÃOS...MORADA-  Falando de amor e verdade com o escultor Itelvino Adolfo Jahn



1-O que é...esculpir?


 Não se decide esculpir...esculpir é como sentir sede...



2-Na tua obra, a marca do movimento anda ao lado do movimento do objeto.É como se houvesse um respeito com a vertente da madeira, a veia...se posso falar assim? O que há de verdadeiro nesta minha impressão?


 Sempre gostei dos movimentos que cada uma das árvores, troncos, galhos ou raízes apresentam. Gosto do singular, do irracional, do imperfeito que, para mim, é o imperfeito que se torna belo.





3-Qual a tua causa? O que faz com que queiras esculpir?

É dar um destino nobre a quem veio para nos ser tão útil desde o começo da nossa vida até o final dela. Esculpir é uma forma de não deixar que fique no esquecimento.



4-Foste criado no campo, nos afazeres que te aproximaram das construções práticas, da terra, dos animas.O que isso influenciou no teu fazer?


Tudo; o simples, o comum e irracional, o belo que isso passou para mim.




5-Itelvino... a arte escolhe o artista ou...o artista escolhe  arte?

 Os dois: são dois anjos de uma só asa que se complementam.





6-Quando a obra é de arte, fica difícil colocarmos um valor em dinheiro, para levá-la para a sua função: estar para além do artista.Como acontece isso contigo?


Quando executo uma obra, é parte de mim que se concretiza em arte; não “cobro” a arte e sim a mão de obra.


 



7-Trabalhas com madeiras daqui, desta região.Qual a tua proposta neste sentido?


Minha proposta é trabalhar com as madeiras do Rio Grande do Sul ( frutíferas, ornamentais, exóticas ou de reflorestamento) desde que já tenham cumprido sua parte, ou morrido por causas naturais e intempéries. Assim posso mostrar ecologia e cultura onde nasci.




8-Teu trabalho toca, mexe e desacomoda, como toda a obra de arte faz.Há um reconhecimento nesta exposição do movimento na madeira , da voz no silêncio, do sonho no sono.O que tu achas que as pessoas vêem na tua obra?


Não gosto de colocar nome nas obras para que as pessoas possam sentir plenamente o que veem: o irracional com o racional.



 




9-Dizes que não colocas nome na obra.O que isso quer dizer?


Não coloco nome nas minhas obras para que as pessoas possam observar e ver com os próprios olhos e não com os meus, o que se lhes apresenta.






10-Há algum tempo tive o privilégio de encontrar com tuas peças no saguão do aeroporto.De longe comentei: é o Itelvino! Nisso pergunto: és tu na obra? Ali, tem exatamente o que do homem? Misturas?


 Sim, é o Itelvino, o homem de corpo e alma transposta na obra.





11-Contas com algum incentivo para logística e outros?


 Não. O trabalho tem tudo no que se refere às questões ambientais, mas ainda não consegui despertar o interesse das pessoas para obter apoios e parcerias.






12-Estes dias falavas que teu ateliê é ao...ar livre! Também sobre como concilias a família e teu fazer.Poderias dizer um pouco sobre teu dia a dia, tua escolha diária por isto?


Dia-a-dia num convívio harmonioso, pois meu ofício faz parte de mim, como minha família faz.




13-Poderias descrever um pouco o processo com a madeira, o tempo que levas...tua experiência e as peças que mais te surpreenderam?Quais teus instrumentos de trabalho?


O processo é muito lento, pois todas as madeiras apresentam “problemas”, diferentes para serem trabalhados. A primeira etapa é de limpeza ( de terra, cascas, partes queimadas ou até apodrecidas, arames, pregos, pedaços de ferro incrustados, e tantas outras coisas). Só depois começo a esculpir, o que também é um processo muito lento, pois todas as ferramentas que utilizo são manuais. Cada uma das peças tem seu próprio tempo, algumas delas ultrapassando um ano até sua conclusão. A experiência é de muitos anos, pelo gosto por este tipo de escultura orgânica. As ferramentas são simples, como formões, machadinha, grosa, enxó e, para as partes maiores e pesadas, uso a motosserra. O acabamento final fica por conta das lixas.



14-Quando tu adota a árvore...já pensas que ali tem uma forma ou isso vai acontecendo?


Quando adoto uma árvore o processo vai acontecendo naturalmente. Muitas dessas árvores, raízes e troncos,sóimagino mesmo o que fazer quando está totalmente “limpa”. É aí que começa mesmo o olhar de contemplação e descoberta de cada movimento.






15-Gostaria de dizer mais alguma coisa?


Gostaria muito de ter o mesmo respeito e reconhecimento que é dado a outros escultores no Brasil a fora. Preciso de apoiadores, patrocinadores, parceiros enfim, formas de ajuda para divulgar meu trabalho. Sei da importância que ele tem no que se refere a questão ambiental, no respeito à natureza. Gostaria de poder levar minhas obras a várias exposições para as quais sou convidado, mas ainda não posso “me sustentar”.







Itelvino, a diferença naquilo que te recebe aqui, faz lembrar o mesmo passo, a mesma estrada que desenha a arte como construção do ser.

Ainda nas palavras, nossa morada, aquilo que faz esculpir na morte este punhado de vida, de movimento que tece uma continuação no outro, que fica diferente quando se deixa tocar pela tua obra; no desejo que se viva para além de uma única estação, que se fale nas marcas, nas facas e formões que anunciam o amor pela verdade que se impõe: somos o que fala por nós.

Sinta-se para sempre convidado em Indecentes Palavras, marcando com tuas mãos a casa-morada de cada um que nasce outro, a cada vez.



Beijo com todas as letras



Adriana Bandeira





Itelvino Adolfo Jahn Filho

Itelvino é um escultor gaúcho, nascido em Montenegro, na localidade de Campo do Meio. Exerceu diversos tipos de atividades mas, foi como escultor que se descobriu capaz e realizado.  Executa suas obras a partir de “sobras” de madeiras descartadas naturalmente ou que, de alguma forma foram retiradas por outras pessoas por representarem risco físico. Optou por trabalhar com as madeiras aqui do sul e mantém suas raízes morando e trabalhando na localidade onde nasceu. Trabalha com madeiras de diversas espécies de plantas desde ornamentais ,  exóticas até frutíferas.

Dentre suas obras destacam-se: esculturas , esculturas funcionais ( bases de mesa, mesas de centro, bancos, bancadas, mesas de apoio ) esferas, fruteiras, revisteiros....

Já realizou diversas exposições, individuais e coletivas:

·         Mostra na Copesul – Semana do Meio Ambiente (2006);

·         Exposição no Espaço Cultural da Câmara de Vereadores de Montenegro (2006);

·         Mostra na INOVA- Petrobrás (2006);

·         Mostra no Espaço Vida Unimed – Semana do Meio Ambiente (2008);

·         Mostra no “Mês do Móvel e Design em Gramado”- RS (2009);

·         Mostra “Casa Cor”- Porto Alegre – RS (2010,2011);

·         Exposição no Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre (2009, 2010, 2011);

·         Exposição em Cuiabá- Mato Grosso;

·         Exposição no Hotel Hilton em São Paulo;

·         Exposição no Hotel Sheraton- Porto Alegre- RS;

·         Participação na” Mostra Casa e Cia Litoral” – Xangrilá –RS;

·         Exposição na Semana da Floresta – Gramado- RS( 2011);

·         Exposição “Arte Sem Fronteiras”- Montenegro-Curitiba-2011;

·         Mostra virtual na Galeria Ana Pirollo-2011;

·         Exposição no Shopping Iguatemi Porto Alegre-2011;

·         Exposição no Shopping Paineiras- Jundiaí – São Paulo.

Realizou outras atividades relacionadas à sua arte como

·         Execução de um troféu Mérito Empresarial Associação Comercial e Industrial de Montenegro, para homenagear empresários locais 2009,2010;

·         Execução de troféu para homenagear o jogador goleiro Rogério Ceni pelos” 1000 jogos como jogador do São Paulo”;

·         Execução de um troféu para homenagear o empresário e presidente da FIERGS ,Sr. Heitor Müller.

Recebeu convites para participações em exposições fora do país(China, Argentina) às quais não participou por falta de parceiros apoiadores-2011, tendo recebido convite para mais duas para este ano-2012(julho), na França e Inglaterra.

















quinta-feira, maio 10, 2012

Sobre o consumo de gente

E não é somente o vício.Quem consome está aliciando crianças num trabalho de morte.É cada vez maior o número de crianças pequenas( de 6,7 8,anos)que além de começaram a usar crak ou cocaína, sevem de aviãozinho para os que vendem e compram.Esta é a pior ditadura dos últimos tempos!Se em algum momento usar drogas estava relacionada ao filme charmoso, ao rock rebelde, saibam...hoje usar droga é obedecer a um sistema que determina a morte do sujeito antes da morte de seu corpo.Talentos como o desta moça, consumida pela obediência é uma referência ao que tem acontecido.Para além de uma campanha "Não às drogas" deve-se ter por lema:"Não ao consumo de gente".
 Caminho de casa


Se acaso do resto for parte meu corpo,minha vontade...saiba: é o melhor lugar.Sempre nascer diferente,sempre migalha de pão quente, mostrando estrada de pó.

segunda-feira, maio 07, 2012

 Abismo

É meu isso que aqueço e seguro e velo e teço, como se fosse um lençol! Meu isso que esfria e morre e treme, corpo semente...corpo que é só.Entre ele e eu que escrevo, esta ternura sem paz nem tempo que registra somente depois.Entre nós o abismo sem vento que pede da morte, o nascimento ...da palavra o que não brotou.


Se você for embora uma,duas,três vezes...se você for embora para nunca mais voltar...leva teu sorriso,teu cheiro, teus sonhos.Eu não sobreviveria guardando... teus restos mortais.Leva-me como par.
Há três...somos em trio.Um eu, um tu e este encanto que nos faz outros.
 Dia a dia

A terra se abria na intenção de plantio.Marcava o traço da semente como forma e pão quente, no final de abril.Aos homens que surgiam da terra, ela a esfera,lhes marcava com sangue as mãos.E eles colhiam estrelas nos cestos, nas tardes, no vício de durar uma estação.
FESTA

Mala nas costas,fui embora de mim.Bebi vinho no chuveiro, desenhei no vidro do banheiro e nasci outra: água,mel,sal.

FIM

Existir no sonho do outro como poeira que logo se vai...e já foi e então...vôo sem pressa até o mar.
Boca sedenta, voz sem perdão.Fome de verso,luz do corpo que nem existe sem chão.De terra,de tábua, de vazio...sagrado como tudo que segura, uma a uma , as tantas que ousam andar. Pão dos dias, resumo...quando não é rascunho, o jeito de respirar!?
Sou a espera inteira,como brilha a primeira estrela que morta ainda fala sim.Sou a palavra que não é minha mas da estação que brilha, parada... sem fim.
A luz rasga a neblina.Instante faísca, leve e oblíqua.O som da voz que traz o resto: olhos,corpo,mar aberto...É isso quando a escuridão vem, esta minha noite de barco descoberto.

ENGANO

...Será que voltas?Será que estás? O sapato esquecido boceja na hora de acordar.Na espera das ruas que continuam a existir, das frases que ainda estão por vir, faz o trabalho diário de esperança.É infinita a presença que repara a falta.Será que voltas? Será que estás?... o sapato esquecido não para de falar.

 BARCO A VELA

Um cordão frágil desenha oscilante mar e praia.Dança o barco,sombra de dentro, na parede da sala.
Alimentava-me de sangue e resto de gente.Placenta flutuante de antes de mim.Depois só aprendi a falar.

  MALÍCIA
Que a voz me perdoe o canto.Não faço por ela mas pela falta que me faz lembrar.

 TRÁGICO-CÔMICO
A vez de existir faz chá de erva doce, sumiço de outono.Abandono é só a sombra na beira do rio.E ri.
Dentes afiados rasgaram meu corpo desenhando este vão. Fui mordida pela vida.Fora isso, não há perdão.
Na pedra fria, brotada semente.Só da pedra nasce o detalhe dos lábios e  a forma da palavra gente.
Era festa o som do silêncio na tarde quente.O porta retrato vazio...a vida pedia mais do que um instante.
RESPOSTA À REDAÇÃO DO JORNAL IBIÁ SOBRE BIGAMIA,EXCLUSIVIDADE NO RELACIONAMENTO E FORMAS NOVAS DE RELAÇÃO.


O " relacionamento liberal' como chamamos é coisa de uma época, a nossa.Nela incluimos mudanças de comportamento, de valores , de relação com o mal estar que nos traz a civilizaçaõ.É isso mesmo! Civilização traz um mal estar benfazejo naquilo que dá forma às relações socias tornando-as...possíveis.Não há a tal felicidade vislumbrada pelas ações que levantaram a bandeira da liberdade.Primeiro a pílula e em seguida...a liberação sexual.É certo que a sexualidade não é passível de ser reprimida, no sentido que se pode honrar a teoria psicanalítica das pulsões.O que ocorre é que...somso seres da cultura! Não somos...como diria... "naturais".A natureza humana é, por referência...cultural.Nisso as coisas mudam: numa época as coisas eram certas desta forma e em outras...de outra forma.Porém o que não é mutável diz respeito a dependência de afeto e acolhimento.De certa forma é a demanda de um reconhecimento de que somos da mesma...espécie.O olhar, o toque, a palavtra, o gesto, são facetas humanas muito mais pela forma como são recebidas pelo outro: como se fosse para si mesmo.Neste aspecto somos seres apaixonados!Uns pelos outros e, nesta marcação podemos dizer que é nosso melhor defeito.Porém é fato também que exisstem escolhas e elas nunca são pelo " tudo".Podemos estranhar se incidir desta forma.Existe o que repetimos porque temos preferências, porque também é de gosto e valor uma espécie de conforto que o outro oferece na verdade que aponta: não queremos tudo.É neste aspecto que não é certa a premissa de que seria da natureza humana os trios, os quartetos e tantas outras formas de exercício da sexualidade.Podemos dizer, sim, que são marcas de uma certa fase da vida ou, mesmo de um tempo da história da civilização.Para além da moral existe uma ética determinada pelo desejo e ele, o desejo é de reconhecimento do que nos faz impossibilitados de fazer e querer tudo.Nesta imposição da verdade que determina nosso corpo, nossa fala, nossas ações,o melhor de tudo é dar o valor àquilo que construímos nas relações afetivas, no trabalho, no mundo.Não é raro que, na fuga de uma certa moral vigente se caia numa outra, com as mesmas questões mas num ação contrária.Por exemplo: a monogamia não é satisfatória ... então : poligamia! rsrsr Isso é clássico e apenas uma outra determinação da mesma coisa.
Estes dias surpreendeu-me um slogan no facebook: " Não sou cadela para ser fiel".Chamou-me a atenção pela simplicidade ingênua que, pela impostura, chegava a parecer verdade.Respondi que: " quando uma escolha faz valer uma repetição estamos diante de significantes de gente".
Então ficam as fantasias sexuais como as que poderiam valer a respeito de não escolhermos, de continuarmso pensando que o tudo é possível.Vale lembrar que é a escolha, a falta do tudo que permite ...fantasiar.Hoje atuamos como se as coisas e pessoas pudessem exigir ...a satisfação de suas fantasias.Oras!Elas deixam de ser fantasias e..
Não estamos por aqui para sermos felizes.Apenas para aprendermos um pouquinho a respeito de momentos importantes que nos damos ao deixar no mundo mais do que lixo.
Bem...continuamos...

  TEMPO DE IR
O tempo me trouxe a verdade: não se vai embora sem saudade, não se vai nunca mais no depois
Quando é a voz todo o disparo da hora, sai em corte profundo qualquer demora.É leve disfarce a fumaça esguia que dá de presente o vestido do dia. Teu esquecimento encerrou o cigarro na segunda escada da linha.Costuro as imagens, ida e vinda.