tag:blogger.com,1999:blog-35993168296146129052024-03-12T18:35:12.929-07:00Indecentes PalavrasAdriana Bandeirahttp://www.blogger.com/profile/09351742117342462305noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-3599316829614612905.post-11241734028523732852011-02-13T14:11:00.000-08:002011-02-13T15:11:37.354-08:00Freudianas reflexões sobre " os nós" I<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">A VISÃO EM PARALAXE-NOVO LIVRO DE SLAVOJ ZIZECK-PEQUENA REFLEXÃO</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;"> ADRIANA BANDEIRA</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">A visão em Paralaxe, novo livro de Slavoj Zizek faz título a este comentário. Ainda não li o livro mas, surpreendeu-me a posição discursiva deste pensador de nosso tempo, o que provavelmente vai estar gravado nas entrelinhas de seu texto.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Longe de tê-lo alucinado como o melhor, simplesmente fui surpreendida por um : mãe vem ver um cara “f” <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>intitulando-se psicanalista teórico!Parei tudo.Diga-se de passagem, parei no meio da construção de um texto sobre “Vício”...ou “O vício de si”.Pois bem, este Slavoj Zizerk coloca-se desta forma mesmo: psicanalista teórico, abrindo uma concepção diferenciada daquela que fundou a psicanálise,uma clínica. Porém, coloca-se não tão longe desta prática, naquilo que fala sobre um social, que só pode ter sido escutado enquanto fala, enquanto sintoma. Nisso argumento que estaria em conformidade com um possível ranço sobre uma clínica individual, burocratizada e fadada ao fracasso enquanto a serviço da fala emergente, do sofrimento que nos vem hoje.Não penso assim mas...quem sabe ele não se diga clínico para não lembrar que é no um a um que ocorrem as revoluções, os movimentos de si, de cada um, porque talvez isso fale dele mesmo, naquilo que somente sua escuta produz em conformidade com sua causa.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Para além dos ranços, é de uma trajetória de escuta da história, do traço social enquanto repetição diferente que ele organiza uma possibilidade.Ele é...genial!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Justo no momento em que eu pensava nas toxicomanias, na drogadição e no olhar dos que consomem crack; justo neste contexto do tal” Vício” <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Salavoj, em Roda Viva no youtube, vem me falar da opacidade do olhar daqueles que voltaram do inferno, do holocausto.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Fico pasma! Fico estática voltando há tempo para continuar a ouvi-lo na excursão pela sua fala.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Diz-me ele, ao pé do ouvido, que o holocausto inaugura uma <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>outra forma do pós traumático.Seria: o sujeito sem seu Ser.Descreve os sobreviventes com aquele olhar sem brilho, aquele jeito zumbi que eu mesma encontro na maioria dos que fazem uso abusivo de drogas.Fala de sua teorização dando conta que este pós traumático funciona nos países do primeiro mundo pois que nos do terceiro, não há pós traumático mas...trauma, e trauma novamente.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Traz Descartes para a discussão situando o sujeito cartesiano como este que desfez-se de seu ser.Isso não lhe pertence mais, sua consciência, sua razão já que o Ser está onde não pensa.A existência está onde não é mas pensa que é.A situação entre pensamento e consciência merece outra leva de reflexões!Deixemos, por hora!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Mais que isto, Slavoj chama Marx para a discussão dando ênfase ao conceito de proletariado marxista como sendo aquele que está alheio ao que produz; não pertence a si ,não só sua força mas também seu pensamento.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Oras...Fico imersa numa posição esquisita em que questiono a obediência ao trabalho requisitado pelo tráfico ( afinal dá dinheiro), ao valor dado ao objeto que transita valoroso como A coisa prometida.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Porém, o trauma que se perpetua, não é mais trauma... É o quê?Aponto uma geração de sujeitos que não vivenciam a violência contra um si mesmo; não estão no trauma, nem no pós trauma. Fazem do estupro um pagamento, da morte um pagamento, da vida... um pagamento no real ...a qualquer coisa que se perpetuou.E o que se efetivou?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">No início do séc XVII, quando as crianças passam a ser amamentadas, cuidadas, está o corpo como possibilidade de trabalho, portanto condição de revolução. Hoje o “sopro” é descartável, sem texto que o antecipe ou anteceda, que o vingue no sentido do plantar. Este corpo fadado a ser violado nasce como para a isto se dar. Porém, nem como sacrifício, nem como linhagem <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(condição dos filhos antes da revolução francesa), mas como inexistente.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Pois é...O traumático institui uma condição humana que dá conta das aprendizagens <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(aprender a falar é traumático), no sentido necessário do trauma.Noutro contexto é da ordem da perversão, da morte simbólica de um sujeito ou de um povo (como foi o caso dos judeus) num espaço de tempo (minutos,horas, dias, anos).Porém, quando falamos de trauma que não há de ser visto como um depois...estamos diante da morte de fato.Então...não há nem “ vício de si”.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Pois bem...este Slavoj me deixou com algumas questões e embora não ache justo, fica esta visão um tanto pessimista.Julgo retornar a este assunto depois de ler o livro e desenvolver um pouco mais o que tenho a dizer sobre: a relação desta falta de um si mesmo <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com a possibilidade de ler e escrever .</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Convido-os a entrar na discussão.Vamos?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Até mais.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Adriana Bandeira</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div>Adriana Bandeirahttp://www.blogger.com/profile/09351742117342462305noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3599316829614612905.post-12814786627103220592011-01-12T11:04:00.000-08:002011-01-12T11:06:09.175-08:00A Função Política da Psicanálise - por Anamaria Brasil de Miranda<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></u></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Numa tentativa de fazer uma hipótese acerca deste caldeirão contemporâneo, seus sujeitos e a psicanálise, penso ser fundamental retornar à Freud, ressaltando os efeitos de ruptura provocados a parir da criação de sua teoria. Este texto reflete a defesa de uma psicanálise política, politizada, subversiva, revolucionária.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Desde sua criação no século XIX, A psicanálise vem transmitindo sua mensagem conflitante através dos tempos. A formulação freudiana da teoria do inconsciente chega desacomodando saberes e verdades lançando não só uma nova concepção de sujeito, mas a proposição de uma ética. Na medida em que propõe uma nova visão de sujeito, fora de um regimento moral e normativo, estremece os interesses das instituições de domínio vigentes balançando os poderes coercitivos da medicina, ciência e religião – para citar apenas alguns.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Longe de ser uma prática “burguesa”, como muito já foi, e ainda é criticada, a psicanálise (e os locais onde ela se produz) tem conquistado corações revolucionários. Delineando, sem fortes contornos, uma ferramenta de função política, a psicanálise reverbera através de uma ética do sujeito.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Freud, através de uma definição revolucionária de uma sexualidade desde a infância, coloca por terra a concepção consensual vigente da existência de uma “normalidade sexual” definida pela sexualidade genital do adulto, limitada à consumação do ato sexual, com fins de reprodução.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Freud ouviu os sintomas de seus pacientes apontando que esses eram desejos sexuais intoleráveis para a consciência moral daquelas pessoas, e que, portanto, se manifestavam transformados em sintomas. O desejo continuava presente, mas irreconhecível enquanto tal, aparecendo na forma de paralisias, compulsões, fobias, etc. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A grande “sacada” de Freud foi que os sintomas estudados por ele - as neuroses: obsessiva e histérica, sobretudo esta última – eram uma denúncia do que não ia bem naquela lógica social, identificando o que chamou de mal estar na civilização. O sintoma era, então, o êxito do inconsciente em enunciar um fracasso - o da tentativa de disciplinarização dos corpos e mentes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Entre outras consequências revolucionárias da formulação da teoria psicanalítica está o fato de que Freud não apenas deu ouvidos, mas deu voz às mulheres quando descobriu a outra cena da histeria, denunciando que o lugar proposto (ou imposto) àquelas mulheres, não correspondia ao seu desejo e que elas respondiam com o adoecimento conversivo do corpo. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na sequência dos fatos históricos, em 1969, exatos 30 anos após a morte de Freud – pouquíssimo tempo comparado a uma noção de história – estouram a Revolução Feminista liderada por Betty Friedeman e a Revolução Sexual da juventude. Um ano antes, a revolução estudantil e o Maio de 68.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Seria Freud um precursor destas Revoluções? </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Pode não ter sido de “caso pensado”, mas justamente, o lançamento em uma ética da utopia é não saber onde se vai chegar. Freud pode ter sido, em relação às mulheres, um homem do seu tempo: machista, conservador, familiocêntrico, mas a fidelidade a sua pesquisa o levou para um lado não previsto – o de colaborar com as revoluções juvenis da s gerações seguintes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A revolução que a noção do sujeito dotado de inconsciente provoca é digna de um “furor apocalíptico” não só na área das ciências humanas, mas também no laço social. Através da proposição de uma ética do não saber, a psicanálise instaura um caráter subversivo de denúncia do aprisionamento do sujeito às instâncias disciplinadoras de sua época. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mas a o conflito não para por aí. Nos próprios movimentos de esquerda surge a crítica à psicanálise como uma teoria despolitizada e, inclusive, de coadunar com a proposta de direita – moralizante, famíliocêntrica, adaptacionista!</span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3599316829614612905#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman';"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: AR-SA;">[1]</span></span></span></span></span></a><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Pergunto-me se estes pensadores não compreenderam o caráter sorrateiro de seus efeitos. Mas também considero importante salientar que, muito do que a psicanálise é hoje, partiu das críticas direcionadas a ela. É na diversidade que a proposta da psicanálise se estende e potencializa. A proposição de uma nova visão de sujeito e de uma ética da psicanálise vai além da proposição de ação direta política dos movimentos esquerdistas e a atravessa.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 219.75pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O caráter político da psicanálise – em detrimento de uma noção de “neutralidade política” suposta na mesma – foi questionado não somente pelos seus críticos, mas também pelos próprios psicanalistas. Vale lembrar que a neutralidade do analista que Freud propõe (de uma escuta amoral na clínica) se refere ao seu próprio desejo – considerando também que o analista é sujeito e, portanto, dotado de inconsciente – e não ao seu lugar social.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Poucas décadas após a morte de Freud, revoluções – lideradas, sobretudo, por jovens – de cunho anti-autoritário, questionadores da ordem tomavam as ruas das cidades. Dentre elas, o Maio de <metricconverter productid="68, a" w:st="on">68, a</metricconverter> Revolução Sexual da juventude e a Revolução Feminista. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A era dos totalitarismos evidentes fracassa e dá passagem a outro momento que Foucault (1986) nomeia de passagem da Sociedade Disciplinar à Sociedade de Controle: o sistema capitalista toma força e muda sua estratégia: ao invés da coerção aberta, da disciplina impositiva, repressora e proibicionista, a lógica agora é de uma ditadura velada em que o capital é o comandante e onde as instâncias de poder são feitas através de uma sedução ao sujeito. O totalitarismo ocupa o espaço da utopia. O pensamento único cede lugar à aspiração pela diversidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A cultura ocidental contemporânea fora dominada e passa a ser regida pela lógica do capital. Seus discursos produzem saberes e verdades que dizem respeito a uma produção de posição subjetiva apática e seu consequente laço social. Dentro desta lógica, pouco espaço é ofertado para as alteridades, para a inventividade, para que um sujeito se abra para novas significações e para que se dê vazão a um caráter questionador da ordem. Novos sujeitos são produzidos – o homem pós-moderno – e novos sintomas eclodem a partir disso. E a psicanálise continua de pé e tendo algo a dizer sobre esses sofrimentos. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Provocar furos nesta realidade é um estilo de convocar o sujeito a uma produção singular de sentidos para sua existência. Entender a ética da clínica psicanalítica como um movimento contra-cultural – portanto político – é assumir que temos responsabilidade acerca do sofrimento psíquico humano enquanto sintoma social.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Anamaria Brasil de MIranda</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;"><br />
</div><div style="mso-element: footnote-list;"><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;"><div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3599316829614612905#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US" style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span></span></span></span></a><span style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: x-small;"> É importante lembrar que a linha determinada como valida pelo Partido Comunista Internacional é a reflexologia oriunda da União Soviética banindo a psicanálise como ciência burguesa e os psicanalistas das fileiras do Partido.</span></span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">Anamaria é psicóloga,psicanalista,membro da Associação Clínica Freuiana e mestranda em Psicologia Social</span></div></div><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" /></div>Adriana Bandeirahttp://www.blogger.com/profile/09351742117342462305noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3599316829614612905.post-43042332710312019572010-12-29T04:33:00.000-08:002010-12-29T04:35:17.455-08:00A nudez é sempre humana,a palavra também<span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Chamo Leituras freudianas a possibilidade de pensarmos a psicanálise como parte de nossas vidas. Depois da descoberta de Freud nunca mais foi possível separar alguns conceitos, percepções e mesmo saberes que cada um carrega de forma peculiar. Podemos pensar que estes conceitos servem somente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para alguns e que, certamente, metade da população não sabe nada sobre psicanálise. Isso seria verdade se estivéssemos diferenciados por alguma rede não humana, uma capa protetora capaz de barrar a transmissão de saberes através da linguagem. Quando falamos que psicanálise é para quem pode pagar, não estamos lembrando que o pagamento de muitos diz respeito aos sacrifícios do corpo nos efeitos colaterais dos remédios, distribuídos gratuitamente; muitas vezes está num diagnóstico pseudo-psicanalítico que imprime numa criança o termo: hiperativo; nos excessos de uma visão deturpada de infância que faz com que as crianças possam tudo porque Freud falou isto ou aquilo. São os conceitos usados de forma inescrupulosa.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Existem famílias em que, por motivos óbvios, dormem todos no mesmo quarto. Pensar isto como uma forma incestuosa não tem nada a ver com psicanálise. É o mesmo que marcar um poema de Hilda Hilst como: pornográfico. Escutar o que ocorre nesta organização, na poesia de Hilda...,sim!</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">É neste aspecto que não há como dizer que a psicanálise não existe para alguns. Há um saber em todos os que passam por estas vivências, de uma forma ou de outra. Porém, resta lembrar <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>algumas questões para fazer valer a descoberta freudiana: quando se trata de escuta psicanalítica e quando se trata de escuta que exerce poder sobre o outro? É esta a diferença... uma ética que nasce com o desejo de analisar, somente.É este o desejo do analista.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Estes lugares: analista, psicanalista, analisante são de uma mesma pessoa, são lugares subjetivos ocupados em diferentes momentos. Os psicanalistas não estão isentos de suas paixões, de seus sofrimentos e de suas dúvidas. O que fazem deles analistas é o tratamento que conduzem, suas perspectivas em pesquisa e suas vivências sobre sua própria verdade, no divã. Vale lembrar que os analistas estão atrás do divã, pontuando, apontando, interpretando...também silenciando. Os psicanalistas estão discutindo os casos, escrevendo, pensando. Os analisantes estão deitados no divã, indiscutivelmente por muito tempo, por algum tempo, vez ou outra... por algum tempo, por muito...Não tem fim, até terminar! Assim como não tem fim o desejo de fazer poesia.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">O brilhantismo de Freud, porém, não diz respeito aos conceitos, somente. Não!O que é raro e surpreendente é sua virtude em querer saber a respeito do sofrimento humano; abrir uma escuta onde já estava determinada uma prescrição (precisamos lembrar que Freud era um neurologista, estudava a fisiologia das enguias, sendo um dos precursores na descoberta das sinapses cerebrais).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Colocar o saber do lado de quem fala, daquele que diz algo sobre sua dor é apostar na potência de cada um. É neste aspecto que Freud transmite o que de fato institui uma análise: o desejo do analista de colocar-se a escutar o Outro, a fala.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A psicanálise, neste contexto, é fundada numa ética e sem ela na há psicanálise, ou seja, não há o analista e seu paciente. Pode haver outro tipo de par... não este. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">É Lacan que nos ajuda a pensar em Leituras Freudianas. Na sua releitura da obra de Freud resgata os termos em alemão (aqui entre nós, um tanto modificados nas traduções, o que ocasiona diferenças fatais nesta ética psicanalítica), as vivências, a prática de Freud, instituindo a condição de que à qualquer um, que tenha interesse em psicanálise, está dado ler o texto inconsciente, reinventando-se, interando-se sobre sua verdade. Lacan nos convida a descobrir, a exercitar uma escuta em que o saber está suposto nesta linguagem que sempre é falha.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Mas... por que Leituras Freudianas num blogue?Oras!A psicanálise está nas pessoas. E não se trata de tentarmos fazer encaixar um sujeito num conceito psicanalítico (eheheheh). Não!O sujeito é que , vez ou outra se diz, revela-se nas suas paixões. Nisso a psicanálise e a poesia são todo o registro de um pedaço de possibilidade. Diria nosso amigo: a pontinha de um iceberg. Diria nosso outro amigo: nada é mais profundo do que a pele.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Freud, ao ser perguntado: Quem são seus mestres?, aponta sua biblioteca, seus livros com os quais tinha longas conversas também. Ali os clássicos da literatura. Pois bem...”Leituras Freudianas” está na rua pela simples razão de que foi na rua, com as pessoas, com os livros que Freud descobriu um traço Universal de humanidade. Para além das pulsões, mal estares, associações, descobriu justamente o falho, o que aparece sem querer e surpreende; para além da doença, ao contrário disto, fez mostrar toda a potência humana no ato de dizer-se para ser outro. Há ternura implícita na verdade que sempre aponta uma nudez. Esta ternura possível, num reconhecimento de falta, faz das leituras, únicas, e da poesia um ato do dizer.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Adriana Bandeira</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 16pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Dezembro 2010</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div>Adriana Bandeirahttp://www.blogger.com/profile/09351742117342462305noreply@blogger.com5