sábado, março 12, 2011

Antônio Amaral Tavares falando do tempo destas coisas

OS CROCODILOS DO RIO
Os crocodilos do rio esperam famintos
a flor branca dos primeiros corpos que se
afundam na água dos próprios olhos
ao queimar do pano da tarde quando
nos corações já rarear a erva verde. A morte

ama estas casas de gesso construídas
sobre a febre o alvoroço do movimento das patas
os registos de viagens remotas
estes gestos de barro tão velhos de
quem sempre atravessou este rio. A morte

insurrecta espalha pétalas muito brancas
sobre as suas águas como outro sinal de si
mas é negra a noite que descansa sobre o rio.
Ah outras sombras que se inclinam
como uma asa e ali se perdem. A morte

ama estas casas turvas de lodo. Os gestos
de barro são da idade do rio
só ela é mais velha ela tem a idade
das primeiras poeiras a morte.

Insaciável desde então.




Um comentário:

  1. O tempo dos crocodilos é o tempo da escrita.É morte, é vida.Agradeço tua presença em Indecentes palavras.
    beijo grande

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