ESTRADA DE FERRO, OLHOS DA CONSTRUÇÃO
Vieram os homens com a língua ferida, olhos pedindo comida. O pai enterrou as ferramentas, abriu negócio, " bodeguita".Água de ardência e, atrás do balcão, perdia o sonho de plantação.Feito riacho, o ferro partia o campo em linha,costurava o chão.Suadas as dores da perda, mulheres invadidas pela fala alheia.Riscavam serpentes, lá para os lados da vila, anunciando a estrada nova, gritaria.
Ainda a luz na janela, casamento com a estrada de ferro.Nunca daria parada, guarida.Sangrando sem estancar, iam-se os dias de colheita de frutas, no pé dos dias.Aberta a terra incontida, propriedade da Estrada da língua.
E quando era dia, o dia.!,de longe as barrigas avistavam tamanho apito.O ferro batido,o calor dos ungidos,batizados pelo santo cristo.O trem vinha como nunca havia sido.Era grande demais, era tarde demais, era incompreensível.Esperavam na plataforma que ele, o deus de antes e de agora, parasse recolhendo os restos de sonhos, de gente.Passou, sem juntar seus resquícios...não era Estação as sobras da construção.
Há um gosto de poesia na tua prosa que faz de cada frase uma celebração. Obrigado por isso.
ResponderExcluirUm beijo,
Jorge Rein
Uma prosa poética que merece celebração sim, como dizes Jorge... e além do mais, Adriana consegue uma ambientação impressionante, ela vai nos enredando junto ao compasso de suas respiraçõs.
ResponderExcluirMuito bom mesmo, sempre bom estar aqui.
Beijos.
Oiisss!
ResponderExcluirMuito me alegra ler o que me dão de presente.Principalmente em relação a este texto que pretendo deixar vir, devagarzinho.Agradeço muito o acolhimento de vocês neste folhetim de mim.
Muito obrigada
beijo grande
adriana bandeira