quinta-feira, março 10, 2011

O MANIFESTO NA ESTAÇÃO DA PALAVRA


A idéia de reunirmos as diferentes expressões das artes teve o carnaval como porto. Um barco assim, de primeira viagem, estava sem rumo, sem certezas, como os primeiros desbravadores restaram.Para cada história, um novo lugar e a Estação da Palavra,da Cultura, das Artes recebeu aquilo que poderia surgir: terra a vista.
O acolhimento de uma idéia diz respeito a isto, a um encontro especial, faltante das determinações que já desenham o final.
Foram os dias do antes em que o grupo das artes plásticas escreveu uma oficina de máscaras, escritores desenharam poesias, músicos pintaram sons e tudo somou fantasia. Diziam alguns que diante de tanto nada daria certo, já que carnaval é carnaval.
Por outro lado já ali estavam os significantes:  fantasia, música, máscara...Ali já nascidos nossa disposição para o existir, no que nos faz como isso ou aquilo: somos o que restamos em verso, em fala, naquilo que vestimos, naquilo que acabamos produzindo, compondo.Nossa fantasia de existência derrama alegria ou tristeza, esperança ou covardia.
O carnaval nasceu deste manifesto, pelo menos aqui no Brasil. Nasceu desta fresta pequena que supõe o subversivo espaço que habita nossa fronteira mais íntima: os contrários.
Pois bem...a Estação estava iluminada na quinta-feira da semana passada.Poemas, máscaras, pessoas, músicas e falas encantaram os trens que nem passam mais por lá.Porém, por algum breve instante, voltamos no tempo quando de onde , antes, vinham os trens, sugiram os músicos, os artistas, as pessoas, caminhando pelos imaginários trilhos em forma de nuvem. Ao som de instrumentos e canções, vozes de longe chegavam reconhecendo as luzes de um palco, aquelas da plataforma dos embarques.Foram chegando,pedindo licença, anunciando nossa indecência.Sim!Indecente a verdade que nos abraça nus neste tempo. Éramos esperados pela estrada, como todos o são.
Assumindo o palco, estas pessoas da Faculdade de música, artes cênicas e artes visuais da UERGS invadiram a letra e voz de Nadir e Manu, juntando-se a Nilton, João, David...juntando-se a Celiza e todas as outras vozes que cantavam uma música só.Todos acatando a convocação de manifesto, de expressão de vida.
Bem...aos poucos o tempo dos trens...Era a hora de ir.Talvez a melhor frase seja aquela dita por Davi, antes do fim ( diz ele que esta surgiu no café comercial lá no centro, antes do antes): É ...saudade não se vive, se sente.
Pois ficou este sentimento, este desejo de volta. Acho que os trens nunca deixam de existir!

Agradecemos a todos que fizeram deste cordão uma vivência de poesia. Aos que chegaram com suas máscaras e intenções coloridas; que estiveram conosco na palavra cantada, tocada,escrita,encenada...àqueles que pelo manifesto mais íntimo e sutil, fizeram-se presente nesta pequena estação da palavra.
Até o próximo trem!
Beijo com todas as letras
Adriana Bandeira

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