A Vitória do Ritmo
Nem tudo que está à margem de um rio Jaz inerte Sem vida Tem um pulsar Uma latência Têm pássaros que cantam para o silêncio
Têm pássaros que cantam em silêncio Cantar não é uma exclusividade para tenores barítonos sopranos Não cantamos para os que vivem Cantamos para almas A linguagem é um rio Nas cabeceiras deste nem sempre enxergamos aldeias Mas elas existem Suas crianças brincam Homens e mulheres trabalham O ritmo é o sol de Osíris e não depende do Faraó Está em todos os lugares
Na sua falta Ísis nos protege A linguagem nos contempla com a sua decifração Nos polissemiza A gramática apenas impõe cercados e sinalizações para este mágico trânsito Mas de uma forma ou de outra conseguimos senti-lo O movimento da primeira pessoa Soprando brisa sobre a terceira pessoa Aturde o leitor de uma forma transgressora Mas dali uns momentos pela força cognitiva que a linguagem possui Ele reordena-se e vai nascendo o entendimento É a luz brotando do caos É o ensaio de vários personagens elucidando através da memória as suas falas É o misterioso frêmito das aliterações e assonãncias fora do seu canònico
teatro É a vitória do ritmo que aos poucos vai ordenando o rumo certo para as palavras...
Grande abço-Élvio Vargas
Que belo e justo comentário, em resposta poesia a tua poesia em livro e chá as cinco, as seis, à tarde, à noite... parabéns aos dois.
ResponderExcluirBeijos,
Carmen.