Inicio uma série de textos, feitos na hora, que se apresentam em indecentes palavras.Eles falam da cidade, da rua, das coisas que me habitam, numa espécie de reconhecimento deste lugar onde moro.Talvez venham da necessidade de escrever algo sobre a existência das palavras que, antes de mim falaram, nas casas que foram demolidas, no cais entreaberto, no estaleiro adormecido que não pára de não arrumar barcos.
Pois bem...inicio esta censura no que passeia livre nas imagens de mim; censura suposta e amiga que faz nascer palavra num sem fim; dique do rio que cria o barulho das águas e das estações.
Convido as pessoas a utilizarem este espaço como denúncia de fala, como poesia armada, como toda pronúncia não deixa de ser: arma de humanidade.
Na esquina
tua voz ainda fala
de Getúlio, tão Vargas!
...que passeia como
se fosse abril.
Recolhidas as mulheres
sorriem: é festa do pai
que reconhece os homens,
numa servidão sem mês.
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