A casa morta
E depois de atingida, ainda viva, aguardava inerte.Braços e pernas dilacerados, com o olhar no trilho inexistente, esperança que traz o tempo de volta.Jazia imóvel e relutante de escapar dali, carregando só as ruínas, sem a própria alma.Por algum tempo respirou, contrariando as leis das demolições.Braços, pernas e sexo, violados pela colonização que se repete nas ruas e praças, matando o que restou de palavra-paixão.
Com a mão já morta acenava incrédula: lá vinha ele com o chapéu para trás.Sentou-se, com o cigarro que carregava na orelha, de onde a fumaça escuta o apito do trem.Eu que nem fumo, nem canto, fumei e cantei uma música que nem conhecia, só para pedir desculpas por ter chegado tão tarde!
"Volgmut"enrolou fumo e tecido, panelas e palavras num mesmo grande saco: viagem.Olhou-me em dizeres de perda, embarcou no trem que nem existe mais.Antes, a casa dando-lhe a mão, morreu com sua alma, em paz.
Quando a nova construção surgiu tão rápida, invadindo a praça e a delícia, nunca mais pude morrer.Virei fantasma do desejo de ser.
Linda despedida da casa que deixou de ser,
ResponderExcluirna pele sentida
Abraço!
Marlene
Oi Marlene!
ResponderExcluirBem vinda em indecentes palavras.Pois é...esta casa existiu mesmo e...as pessoas e os sentimentos realmente rasgaram a pele.
Venha sempre!
beijo grande
adriana bandeira