segunda-feira, junho 13, 2011

O FRIO FAZ NASCER A TERNURA DO FIO DA PARTITURA QUE AQUECE A CANÇÃO-Falando do tempo das palavras com Lau Siqueira

1-Bem...então hoje tirei a tarde para propor estas perguntas.Precisava
fazê-las numa espécie de hiância que me permitisse todo o tempo do
mundo.Não existe, sabemos...Então temos que inventar este momento
de “ todo o tempo do mundo”.Precisava para que as perguntas tivessem
esta conotação de “ poemas vermelhos”...Sim! Como perguntar ao poeta
que dá este nome às suas produções de agora.quero dizer...o nome de
uma cor, ou melhor, a que surge para cada um.Lau, Poemas Vermelhos
surgem...em que contexto?

R - Poemas vermelhos nascem de um contexto que me parece estar entre
o caos e o acaso. Ou seja: no contexto da invenção poética e artística. O
vermelho me pareceu a cor mais viva para identificar um processo que
é contínuo. Os chamados “poemas vermelhos” que publico no meu blog
são os inéditos. Muito mais que isso, são os recém criados, os criados e
postados naquele exato instante. Jogados na rede para sobreviver ou não
ao olhar mais agudo do próprio poeta e dos leitores do blog. Alguns até
sobrevivem até o próximo livro, outros se perdem ou são sumariamente
deletados. O livro Poesia Sem Pele e o anterior, Texto Sentido foram
alimentados por poemas vermelhos. Portanto os poemas vermelhos
são os inéditos e imediatos que se jogam no impulso, na “metalurgia
da palavra”, para usar uma definião que uso em um poema de um dos
meus livros anteriores. São poemas que fazem parte do meu exercício
cotidiano com a linguagem, fazem parte do meu aprendizado e colocam
a minha poética como um processo, como um movimento da linguagem
no alimento dos meus dias e das minhas intervenções no universo da
literatura.


2-Por qualquer coisa inexplicável sempre pensei que ternura é uma
construção.Quero dizer que não vejo bem como dizer o que é ternura.
Simples como qualquer outro sentimento mas...ternura, para mim, é o
depois de algo; o que refaz ou reinscreve algo da violência,da dor...uma
espécie de amor que se veste com este nome.O que é ternura, para ti?

R – Isso me lembra Mário Quintana: “como vou explicar uma nuvem?”
Ternura para mim é um elo de silêncios para a compreensão do
incompreensível e do ato mais sublime da existência que é, em verdade,
o amor enquanto atitude. Portanto, é ou não uma nuvem? Não existirá
ternura em alguém que não reconhece o amor enquanto valor supremo
de mobilização do que conhecemos e do que ainda não conhecemos em
termos de raça humana. É o reconhecimento e a compreensão da nossa
fragilidade e ao mesmo tempo a nossa maior couraça, a certeza que os
atos de ternura somente acontecem após um desnudamento mais denso
diante da barbárie das relações cotidianas. Talvez a ternura seja a nossa
única e verdadeira coragem.


3-A história de cada um não conta por si só o que nos registra censuras
ou nos autoriza transgressões. Por vezes, em algum tempo, podemos
pensar ter transgredido e, logo, depois de alguns minutos, dias ou
anos...nos perdoamos.Estas imagens permeiam ações e uma espécie
de destino..como o que construímos no dia a dia.Lau,quais tuas
transgressões?

R – As minhas transgressões se processam através da linguagem
poética, porque é lá que revelo o sacro e o profano da minha vida, do
meu pensamento, dos tencionamentos que crio com a afirmação da
linguagem enquanto forma de transbordar as minhas dúvidas diante
de tantas certezas absurdas criadas para o sufocamento dos códigos da
invenção até e, talvez principalmente, da relação do ser humano com
ele mesmo. Minhas transgressões se voltam sempre para a profanação
do meu umbigo, para os sarcófagos do meu ego. Neste sentido creio
que o meu propósito é sempre “transgredir-me”. Numa estação onde
permanentemente posso jogar meus olhares sobre os abismos que nos
cercam em termos de conhecimento e desconhecimento da causas e
defeitos dos processos vividos pela humanidade desde que a memória
do mundo existe. A poesia é a minha transgressão mais radicalizada.
Aliás, todo mundo transgride ao nascer. Respirar é, provavelmente, uma
transgressão coletiva, contida pelos abalos do homem espalhados pelo
universo.


4- Neste aspecto, seguindo nesta linha de pergunta, confesso que
não é raro pensar que a palavra tem um tempo rsrsrsr. É...algo assim
como “um eu”, o do discurso, que se autoriza, em dado momento, a
falar ou escrever algo.Este algo...são palavras, sons, significantes que,
naquele “ tempo” apresentam-se.O que pensa disso?

R- Sim, penso que cada palavra tem o seu próprio tempo porque o
significado não é, na maneira poética de expressão, alguma coisa estática.
Toda palavra tem seus próprios movimentos e nisso a invenção de
um tempo particular. O tempo das palavras na construção do poema
não é, de forma alguma, um tempo linear. Isso deve ser considerado,
especialmente, na leitura crítica de um texto. Mesmo na prosa, mesmo no
discurso técnico, as palavras tem um tempo que conduz ao movimento.
Caso contrário não haveria evolução na ciência e no conhecimento. Talvez
o papel da palavra na evolução da ciência explique melhor o seu tempo
que as teorias da literatura.


5 - Aí, lembrei também da proposta do teu blog poesiasim de escrever e
reescrever e mudar... Como é esta idéia?

R – Um poema nunca é apenas um poema. Assim como o autor não
é apenas um autor. O poema está sempre dividido entre a escrita e a
leitura. Portanto, acho que é a partir da leitura que o poema começa
a ser realmente escrito e esse é um princípio permanente e mutante
No blog, penso que meus poemas estão abertos às modificações ou
mesmo às sugestões. Mesmo poemas já publicados em livros anteriores
eu alterei para publicações no blog e acho que o poeta deve se permitir
invasões, até mesmo de leituras equivocadas dos seus poemas. Esta
leitura supostamente equivocada poderá ajudá-lo a compreender o
incompreensível que é, em suma, a razão do poema. Isso não é uma
regra porque se fosse estaria negando a sua própria natureza, mas no
blog e nos meus livros, creio, eu continuo a caminhada em busca dessa
nossa grande utopia que é a construção do poema. Isso é dinâmico.
O verso de hoje nem sempre contempla o poema de amanhã. Tudo é
passível de um destensionamento de conceitos para que o procedimento
criativo se perpetue enquanto processo e não enquanto gradeamento da
imaginação. A imaginação se veste de signos, desnuda-os. Acho qu estar
preso a conceitos estabelece as bases do preconceito estético que é, em
última análise, o inimigo maior de qualquer processo criativo. Que o diga
Glauco Mattoso, um sonetista pra lá de inventivo.


6 - Em algum momento sei que a poesia, de cada um, faz revolução.
Penso que o poetar é algo próprio ao humano e capaz de produzir
movimentos inimagináveis. O que é poesia para ti?

R – A poesia é um salto no abismo. Uma indefinição e uma inutilidade
de hálito imprescindível. Mais uma vez fico com uma frase do Mário
Quintana para fugir dessa armadilha: “a poesia se resume na procura da
poesia”. Ou seja: não sei o que é poesia e me conformo porque Mário
também não sabia. Aliás, não tenho certeza se o que eu escrevo é poesia
e, te juro, não estou nem aí. Só sei que a poesia não tem culpa alguma da
minha estupidez numa resposta como essa.


7 - O lançamento do livro “ Poesia sem Pele” em João Pessoa trouxe
uma inovação. Por incrível que pareça, em algum sentido, estava o
reconhecimento de que existe algo em comum, que recebe à todos,
digamos assim. Eu tinha um amigo que não possuía a última camada da
pele. Uma doença que o acompanhava desde o nascimento. Poderia ter
pena mas...percebi que à todos falta a última camada da pele, a que
deixamos com a placenta. Somos, sem exceção, frágeis. Para ti,Lau...o
que seria este universal que à todos recebe?

R – Lancei o livro em João Pessoa, num manicômio. O lançamento esteve
integrado na programação da Semana de Luta Antimanicomial, numa
programação que celebrou a vida, com Tom Zé, Babilak Bah e outros
artistas. E o lançamento foi dedicado aos que despiram todas as camadas
da pele para sentir o ferro em brasas da hipocrisia, do preconceito que
existe com a loucura e com a loucura que abriga cada preconceito. A arte
é a cura numa sociedade doente de tudo. É universal, portanto, pra mim,
misturar as minhas atitudes às minhas crenças na vida, no que a vida tem
de visível, de palpável, mas principalmnente no que tem de mistério,
de invisível, de estrangulamento de uma racionalidade que geralmente
somente se afirma na contradição.


8 - Como foi o lançamento aqui na Festipoa?

P – Foi maravilhoso! Um momento de grande alegria pra mim, lançar um
livro no “Hotel Majestic” que hoje é a Casa de Cultura Mário Quintana. Era
como se estivesse escutando Sapatos Floridos caminhando pelo silêncio
na noite do dia 5 de maio. Sou profundamente grato à minha editora, a
escritora talentosa, Laís Chaffe. Sou profundamente grato ao Fernando
Ramos, por ter me incluído na programação. Foi muito especial depois
de 26 anos longe dos pagos, lançar um livro na minha terra e me sentir
acariciado pelos meus irmãos gaúchos, escritores ou não. Não tem preço
uma emoção assim. É reconhecimento de que não estamos sós.


9-Por alguns momentos nos falamos rsrsrsr. Pude testemunhar uma
certa nostalgia... das ruas de Porto Alegre, talvez de poemas que ainda
estavam sendo feitos, naquele instante e, já indo embora por estarem
criados, retratavam a saudade nos olhos de água. Estou correta na
minha impressão?

R – Corretíssima. Eu ando pelas ruas de Porto Alegre como se estivesse
buscando meus antigos passos. Nunca consegui me desapegar da cidade,
dos seus monumentos, da sua arte, das suas ruas, dos seus morros e deste
estuário de águas infelizmente não muito confiáveis que é o Guayba.
Minha história é meu único bem. Porto alegre faz parte de forma intensa
dessa história que já chega aos 54 anos. É uma das fontes supremas da
minha poesia, com certeza.


10- Conseguiste um exemplar de um cara...rsrsrs como era o nome dele
mesmo? Achei encantador que fizeste a referência sobre teu amor ou
ternura por Mário Quintana. Poderia nos dizer qual a relação que tens
com a letra de Mário?

R – É verdade, cheguei na Casa de Cultura Mário quintana e encontrei
logo o livro Sapatos Floridos que, no pensamento e na minha caminhada
da casa da minha irmã, na Hilário Ribeiro, até a Andradas vinha lembrando
que havia extraviado pela vida. O livro estava lá, olhando pra mim e
pude adquiri-lo novamente. Tenho uma relação crítica com a poesia do
Mário. Não gosto de tudo que ele escreveu e não poderia ser diferente
porque Mário, talvez, tenha sido um dos poetas de maior produção e
mais publicado no seu tempo. Mas, não é diferente de outros poetas
que admiro, também. “Não gosto de tudo que gosto”, eu diria. Ou não
gosto de tudo nos escritores que admiro. Seria hipócrita negar isso. Muito
menos da minha própria produção, sobre a qual tenho espasmos às vezes.
Chego a sentir “depressão pós parto” após publicar um livro. O fato é
que Mário era uma figura extremamente poética. Seu caminhar, seu
jeito e de certa forma até mesmo seus preconceitos que eram também
bastante agudos e estavam presentes na sua poesia. Acho que ele foi, de
certa forma, pouco compreendido porque não há como analisar a obra
de qujntana sem considerar que ele fazia parte da obra. Ele era o seu
principal poema. Se me influenciou? Creio que sim, como todos os poetas
que li. Talvez ele tenha me ensinado a não ter receio de ser poeta e a
saber que poeta é ser inevitavelmente poeta.


11-Pois é... letra... Letra é traço, marcado a ferro na pele. Mesmo que
digamos que não, ali está como parte do rosto, da voz, do olhar. Como
construíste tua letra, enquanto tal?

R – A única certeza que tenho, talvez, é que não construí nada e que talvez
nunca construa. Na verdade, penso que vivo a poesia enquanto processo
e que devo manter as portas e as janelas abertas para que todos os ruídos,
todos os ventos possam me fazer entender que a poesia será sempre
uma folha caindo no alento da sala, soprada pelas possibilidades de
algum poema. Mesmo que jamais seja escrito. A minha letra talvez nem
exista... é um processo de contrastes e de permanente desconstrução.
Uma constância de atitudes que me levam aos goles da insônia e aos
firmamentos de muitos livros lidos e vividos.


12 - Pois bem... li emocionada um texto teu no blog. Falavas do
lançamento em João Pessoa e de teu envolvimento com isso que
denominam loucura. Digo “ isso que denominam” porque é certo que
alguns escolhem chamar a diferença gritante, como loucura. Fiquei
emocionada e um tanto identificada. Pois bem, poderias nos falar
um pouco sobre a compreensão que tens sobre “ os loucos”, “ as
loucuras”...”todos os nós”?

R – Talvez eu não tenha compreensão alguma, mas certamente tenho um
profundo sentimento quanto ao sofrimento de alguém que é mutilado
para uma adaptação violentamente forçada aos costumes de uma
civilização sem moral para condenar a loucura. Não creio que se possa
definir conceito de loucura num mundo absurdamente louco, onde os
valores humanos se desintegram nas páginas dos jornais e não permitem
a formação sólida de uma camada social que possa servir de suporte
para a dignidade enquanto valor humano. A doença mental é por demais
cruel porque, muitas vezes, demora muito para se tornar visível e mais
ainda para se tornar compreensível. Algumas a doença é a causa, noutras,
o efeito. Então, o que o sistema fez com os que considerava loucos?
Encurralou-os no confinamento, para que pudesse continuar exercendo
sua balbúrdia diante da perplexidade de alguns e da indiferença de
muitos. Loucos são os muros que construímos para cometermos atos de
lasceramento da nossa igualdade, de raça, de gosto, de álibis. Ou será que
os religiosos que promoveram a inquisição eram pessoas sadias? E os que
promoveram o holocausto, eram mesmo normais? Quem são os loucos?
Quem de nós?


13 - Iniciaste a fazer poesia ou a poesia te iniciou? Rsrsrsrs

R – A poesia é um exercício permanente de espanto e, portanto, de
humanidade. A poesia tenta me iniciar a cada dia, espero que nunca
desista de mim. Afinal, somos aprendizes dos nossos próprios erros.
Minha poesia é a soma dos meus erros, dos meus átomos e das minhas
distenções. A poesia me inicia tentando unir o que quando toma corpo,
explode em mil artículas perdidas na aridez dos dias. E a poesia vai me
indiciando, sempre... me iniciando.


14 - Teus livros, as filhas, neta, namorada... O que compõe teu universo
de escrita?

R – O que compõe o universo da minha escrita é a vida e suas linguagens,
o trabalho com a palavra na escrita ou na tentativa. Minhas filhas, meus
amigos, minha neta e minha namorada fazem parte do que se processa
nesse liquidificador de possibilidades. Não confundo as coisas. Acredito
nisso, mas também desconfio muito.


15-Falávamos sobre “revide” rsrsrs. Dizias de uma impossibilidade, na
infância, de estudar música...Acho que foi isso,né?...Então comentei:
sempre é um revide. Concordas com isso? Sempre é um revide, uma
transcrição, uma restauração?

R – Sim, acho que na verdade eu poderia ter estudado música. No
fundo acho que ainda posso, mas talvez nem queira tanto quanto penso
que quis. Naquele tempo a compreensão da minha mãe era outra. Ela
queria que eu fosse engenheiro. Na verdade ela queria que eu quizesse
ser engenheiro. Não me pergunte o porquê. Talvez pelo pai dela, meu
Vovô Marcos (o Tata) ter trabalhado como operário na construção da
Ponte Internacional Mauá, hoje tombada. Certamente por querer para
mim um futuro sólido. Por isso ela pensou o oposto do que eu sou. Ser
engenheiro era não correr tantos riscos quanto um poeta. Ser poeta foi,
talvez, um drible naquela criatura doce que era minha mãe. Quando ela
ainda era viva, fiz poemas para ela. Ela curtiu muito, também, o filho
que escolheu a arquitetura dos versos. Era uma mulher maravilhosa e
profundamente boa, como uma mãe deve ser. Me ensinou os caminhos
do amor e da paciência. Nesse caso, foi revide e restauração. E ela é que
foi a engenheira.


16 - Percebi que transitas em vários guetos, em vários grupos, em várias
palavras.rsrsrsr. É como se estivesses no mundo, de fato, existindo a
cada instante. Nisso não há mais tempo para ...bobagens? rsrsrsr.Lau, o
que existe de maior valor na tua história de vida?

R-Sem dúvidas: as minhas filhas, a minha neta, a minha família, os meus
amigos e amigas, as pessoas que conheci e que me ajudaram de certa
forma ou de todas as formas a estar aqui agora respondendo tua
entrevista, em pleno mês de junho, sem camisa, pensando no sul gelado,
mastigando as respostas das suas perguntas instigantes para que sejam
minimamente digeríveis. As pessoas que eu amo são o que mais valorizo.
A minha responsabilidade sobre o mundo é algo que não abro mão. Nem
para um trem, como se diz. Disso decorrem todas as coisas. Até mesmo a
minha poesia e outras bobagens que tento esconder, mas nunca consigo.
Ainda bem, porque do contrário eu não existiria. E eu inexisto mesmo!


17 - Certa vez perguntei: Ô Lau... porque o risinho? Respondeste: porque
sou risonho rsrsrs...Preciso confessar que...eu também. Há sempre
um chiste, há sempre o riso, há sempre o cômico. Ele é o infernal!
Rsrsrsr.Como situas o cômico na vida e na escrita?

R – Considero, como Fernando Pessoa, que ser poeta é uma vocação.
Todavia, algumas vezes acho que tenho mais vocação para palhaço que
para poeta. As pessoas que convivem comigo sempre riem muito porque
eu fico o tempo todo tirando onda, pegando no pé, gosto de fazer rir
e gosto de chorar junto, quando preciso. Vivo de transbordamentos.
Dos sentimentos baixos o que menos suporto é a covardia. Não suporto
também a hipocrisia e acho que as questões coletivas devem sempre ser
priorizadas. O cômico na minha vida não permite a diluição dos meus
princípios. Acho que a vida é bela demais para gastarmos o nosso tempo
com atrocidades, com desrespeitos, com violência. E acredito que essas
são as causas da tristeza maior no mundo. Devemos nos conceber na
alegria e na intensidade de viver cada momento. O riso deve ser sempre
uma partilha da alegria de viver e nunca um produto do sarcasmo.


18 - Não quero perguntar sobre teus trabalhos mais significativos. Mas
vou fazer isso porque chamo de trabalho também o tempo em que as
coisas vão “cozinhando”, o vinho vai envelhecendo e... Então: qual o
trabalho, que na tua vida, foi ou é mais significativo?

R – Com certeza, aquele que ainda não escrevi e que nem sei se vou
conseguir escrever algum dia. Se considerarmos que o leitor ou a leitora
são realmente os parceiros na construção de uma obra poética, deixo essa
resposta para quem tem a ousadia, a coragem de abrir meus livros que,
infeliz ou felizmente, a maioria já esgotaram suas edições e estão por aí,
espalhando inquietações pelos rincões.


19-Quem é o poeta?

R – Boa pergunta! (Péssima resposta.)
20-Gostarias de dizer mais alguma coisa?


R – Só uma perguntinha: Tu tens mesmo coragem de publicar isso no teu
blog?

(rsrsrsrsr)...Ô,Lau!...rsrsrsr

Agradeço tua indecente palavra, tua letra sem pele, sem medo do frio
que cala; tua denúncia incontida que grita todos os dias no vermelho
de dentro,nas cores que hão de vir.O verbo em resquício: nunca
partir!,numa desistência temerosa de perder a razão.Ela só existe quando
construída aos dias, no trabalho da ternura esculpida, como desenha tua
mão.Recebo-te emocionada, em parte despida,em parte encantada, pela
letra do dia que faz nascer poesia onde eu mesma queria ter inventado
existir.Volte sempre,Lau!
Beijo com todas as letras
adriana bandeira

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