domingo, junho 05, 2011

DIA DA CAÇA: Jorge Rein entrevista Adriana Bandeira em Indecentes Palavras – um flagrante de invasão domiciliar

Jorge Rein entrevista Adriana Bandeira em Indecentes Palavras – um
flagrante de invasão domiciliar

1.- Na troca de papéis que combinamos para esta entrevista percebo, com um
certo pavor, que a poesia é a resposta. Mas qual é a pergunta?

rsrsrsrsr...Tinha a ideia de que em toda pergunta, implícita estava a resposta.
Fiz dez, nota máxima, numa prova de neurofisiologia, na faculdade... a pior
das provas e eu não tinha estudado nada! A ideia de estar entrevistada em
Indecentes Palavras surgiu numa conversa com Antonio Amaral Tavares. Ele
me disse que, de certa forma, eu saberia desviar das perguntas. Isso me pegou
de jeito já que Indecentes Palavras é toda a palavra que dizemos. Estamos
sempre nus, diante da própria fala. Precisava passar pelas perguntas, como a
afirmar que ninguém está fora, isento de, sempre, desmanchar-se, reconstruir-
se,... na primeira frase. Mas, de qualquer forma, a pergunta é a poesia. Ela é
que nos interroga. A tua poesia me interroga... Nisso é que a pergunta talvez
seja... o que lhe vier rsrsrsrsrrs

2.- Há poemas que se entregam quase que descaradamente escancarados
à visitação pública. Existem outros que, ainda que herméticos na aparência,
procuram a abertura de um contato em outra dimensão, dispensando as
ferramentas habituais da compreensão ou do entendimento. Vejo na tua
poesia, ou em grande parte dela, uma terceira via, a da ostra com uma flor
desenhada na face externa da sua concha. É possível apenas se deixar
encantar com a beleza plena de sonoridades da sua superfície, mas é preciso
rasgar ou perfurar a crosta, profanar aquilo que é só belo, para atingir o
âmago, o lençol subterrâneo dos sentidos onde hiberna o milagre capaz de
transformar um grão de areia em pérola. Das trabalho ao leitor, também das
recompensa. Finalmente, a pergunta: essa forma de escrita é natural em ti, é
de caso pensado ou, ainda, é uma espécie de deformação profissional em que
pretendes reconstruir o processo da análise às avessas?

Putz! Acho que esta deformação, esta análise às avessas... talvez seja o
natural naquilo que lês. Nunca tinha pensando isso sobre o que escrevo.
Até porque escrevo pouco... talvez não tanto quanto gostaria ou precisaria;
também esta ostra e flor são, em parte, construção do leitor que habita por aí
rsrsrsrsr Falo isso porque a maioria das pessoas não se interessa muito pela
pérola, sua própria pérola; nem pela ostra com seu desenho. Sem falar que faz
apenas um ano e meio que... me autorizo a dizer que escrevo... poesia. Faço
poesia... isso é verdade. Mas escrever poesia, faz pouco tempo. O processo
de análise é algo interminável. Mesmo que por algum tempo não se vá mais ao
analista, ainda o trabalho continua, até reencontrá-lo... se nos proporcionamos
um tempo grande ao trabalho de analisarmo-nos. E para que possamos fazer
a direção do tratamento de outros, é importante um longo tempo de análise

própria. Pois bem... a deformação é a formação, neste sentido. Não há algo
pré-estabelecido além dos três pilares que sustentam esta escolha pela
psicanálise: análise, supervisão e estudo. Mais especificamente, minha escrita
nasce neste processo, num reconhecimento de que são as palavras que me
escolhem e dizem algo. Há, neste aspecto, um apagamento, um estancamento
da minha subjetividade que se abre para escutar o que vem... de mim mesma.
Não há censura, neste momento da escrita. Ela pode vir depois... corrigindo,
cobrindo, arrematando... Mas no momento da criação... não há. Tentando
responder mais tua pergunta... Minha pérola, depois de descoberta, volta a
ser areia fina que escorre e desenha uma flor, que precisa de uma ostra para
existir. Não há superfície que não seja profunda em si.

3.- O reconhecimento de que são as palavras que te escolhem, assim como
essa ausência de censura no ato da criação, parecem sugerir um parentesco
com a escrita automática, o dadaísmo de Breton ou de Tzara. Mas eu não vejo
essa porralouquice (com perdão da palavra) nos teus textos. Pessoalmente,
acredito que existem mecanismos de censura de tal forma introjetados que
funcionam quase como músculos involuntários, resistindo até mesmo à ação
das drogas. Mas é claro que eu não sou um especialista nesse assunto. A
poesia seria, então, uma espécie de exercício de íntima ventriloquia em que
o poeta é, ao mesmo tempo, roteirista, boneco e manipulador? Poesia, do
teu ponto de vista, é uma modalidade de onanismo ou te preocupa também o
prazer do leitor?

rsrsrsr é que às vezes as porralouquices são impregnadas de censura. Na
verdade não há como saber o que realmente é impedimento. Posso apenas
dizer que toda a escrita é, sim, racional. Nada que passe por alguma
representação é algo puro, vindo de sei lá onde. Acontece que a escrita,
sendo uma censura, neste aspecto, em si mesma, afrouxa na medida em que
diz o que deseja dizer. Neste aspecto... deixo vir, neste aspecto não existe
censura. Por exemplo: não deveria falar tanto em "denúncia"... uma palavra
que uso muito como tu mesmo apontaste dia destes rsrsrsrrs. Então eu deveria
me cuidar e não usá-la tanto... Mas, quando ela surge, dou a ela, porque
registra um momento da minha vida que ela aparece vez ou outra... e que um
dia vai deixar de ser , dando lugar a... sei lá qual; também os "ãos", resquícios
infantis, rsrsrrs (lembro de minhas primeiras rimas!) Mas faço questÂO, porque
eles me vêm como docinhos, como pequenos algodÕES que colho de forma
divertida. Aliás... gosto de brincar com as palavras! Isso... sim! Não é raro
escrever algo "errado" gramaticalmente e ter muita pena de "arrumar".
Estes dias escrevia para um amigo nosso... que poeta é aquele que não faz
mais apelos. SIm! O poeta não pede mais nada! É então que digo que não
escrevo para ninguém e escrevo para todos. Algumas palavras, algumas
imagens são universais. Percebo que trabalho muito com isso. Palavras como:
chão, olhar, terra, casa... palavras que todos sabem do que se fala. As frases
na construção do texto são amplas, abertas a todo e qualquer tipo de
compreensão. Não é raro causar uma certa angústia porque o leitor é
convidado a... existir. É desta forma que nem sei se " onanismo" existe de fato,
em se tratando de escrita. A ação é solitária mas... em um momento apenas.

Isso tem sido uma pergunta que me faço e a fiz a Leonardo B... Isso me
interroga, de fato! O espaço solitário é breve, me parece..., pequeno que nem
sei decifrar, porque logo, em si, estamos no mínimo a dois: conosco e com
nossos tantos eus. O que seria natural? Oras, Jorge... a natureza humana é
algo diferente da natureza como a entendemos. A natureza humana é cultural.
Por isso que num discurso existem, sempre, no mínimo dois, mesmo que seja
uma escrita solitária. O prazer do leitor não nos pertence.... Como a apreensão
do tempo, nos foge! Existem textos que são lidos depois de... cem anos?
Existem leitores que se descobrem leitores de algum texto, muito depois de...
Repara... para existir o leitor, precisa haver um texto; para que se tenha um
texto é necessário o leitor, no mínimo, leitor de si mesmo!
Também questiono sobre a possibilidade de prazer que uma poesia possa
causar. Falo que na maioria das vezes a poesia traz desacomodação,
angústia, questionamentos... Como diria Freud..."para além do princípio do
prazer" rsrsrrs... a poesia está para além do prazer, propriamente dito.
A poesia para mim é só o momento que fez algum buraco.

4.- Se a poesia não proporciona prazer, qual é o mistério da sua permanência,
qual é o segredo da sua persistência em sociedades preponderantemente
hedonistas? O
dualismo
pulsional
freudiano
desvenda
totalmente
essa necessidade que o ser humano sente da desacomodação, dos
questionamentos e da própria angústia (para usar tuas palavras)? E o
preenchimento dessa necessidade, através da poesia ou de qualquer outro
artifício, se traz satisfação, se traz algum conforto, em que se diferencia do
prazer? E não vai me chamar de masoquista.

É... o que se quer é o prazer. Mas, o que é o prazer? Se pudéssemos
terminar com nossas angústia, o frio, a fome... se pudéssemos terminar com o
desassossego... estaríamos em paz... eterna! rsrsrsrsrsr Então existe a busca,
o caminho, o andar da carroça... Isso está longe de ser o prazer imaginado.
É somente o que se pode ter aos poucos, aos goles, a cada vez. Isso está
distante do que se idealiza como... o melhor. Neste aspecto, a angústia, a
tensão acaba por terminar num reconhecimento de gosto... de prazer. Sim!
Passageiro, que não para de não acontecer, para que, por algum momento,
possa estancar parcialmente, como se fosse, como que achado o caminho
que... logo vem a desencaminhar novamente. Quase um recorte, uma imagem
que se autoriza a vir, como leite morno, como colo quente, como aconchego
necessário para que possamos partir. É neste sentido que está para além do
que se desejaria como capaz de fazer parar a procura. É evanescente.
A poesia lida pode ser isso... Mas escrever poesia não me parece leite morno
rsrsrsrsrrs. Esta necessidade nunca é preenchida. Para isso sabemos que é
a partir do "perdido" que se constrói o objeto imaginário. É pelo que jamais
teremos o que se procura. O dualismo pulsional freudiano é uma grande
sacada. Muito mais pelo que tem de didático na explicação de que, na
verdade, todo desejo é insatisfeito. O que desejamos, de fato, é... voltar para
a mãe, ou seja... morrer! Isso não é masoquismo. É... trágico! rsrsrsr Mas, no
caminho disso, plantamos algumas coisas, deixamos algumas rasuras, umas

palavrinhas e... pelo que este prazer de momento proporciona... seguimos
vivendo em busca do que nos representaria. Talvez o segredo da permanência
da poesia seja justamente este. A busca por algo que represente o desejo...
de morte. Por isso a poesia é uma ação humana, uma fala humana... uma
necessidade.

5.- A poesia é um risco: no papel, no bordado, na vida. Gostaria de dizer que te
vi nascer como poeta, mas provavelmente isso não é verdade. Aposto que já
eras poeta há muito tempo e não sabias. Te percebo dona de um estilo muito
particular, que incorpora influências mas não se prende a elas. Quais são as
tuas principais referências na literatura?

Ah! Acho que é verdade sim... Nunca vou esquecer das tuas palavras
escritas..."para mim acabaste de nascer" rsrsrsr Não lembra, né? Pois é...
acho que eu fazia poesia mas não escrevia. Não lembro de nada neste
sentido, antes de te conhecer. Aliás... antes de ler teu livro &. Vim de lá...
daquela leitura! Vez ou outra volto e... não volto igual! rsrsrsrs. Antes, lembro
de uma leitura censurada, imprópria, não permitida, quando ainda muito
menina. Por exemplo, de quando já sabia ler e mentia que não. Na verdade eu
entrei na escola, na primeira série, como se não soubesse ler. Na época sofria
de dores de cabeça terríveis. Eu tinha uns 5 ou seis anos. Ninguém sabia o
que era ... Minha mãe conta que sempre teve medo de que eu não me
alfabetizasse rsrsrrssr E ela tinha razão! Ainda não fui alfabetizada em muitas
coisas! rsrsrsr Pois é... mas lembro de ler o aviso próximo aos trilhos do trem.
Aquela placa enorme que tinha escrito: parar, olhar, escutar. Lia isso quando
voltava da padaria com a empregada... e eu ainda não estava na escola
rsrsrsrsrrs. Bem, estas três palavras são importantes para mim e, de certa
forma, num tanto, norteiam o que hoje faço. E o trem... Nem se fala! Também!
rsrsrsrrsrs
Fui uma rata de biblioteca na meninice. Lembro de livros antigos que li porque
estavam na estante lá de casa. Li alguns para agradar a mãe... por exemplo
alguns do escritor Cronin... Acho que um chamava-se "noites de vigília" (e
aquilo não tinha fim! rsrsrsrs). E tinha a coleção dos clássicos como "Jane
Eyre"... Depois li muita coisa que não entendia! Por exemplo alguns de Herman
Hesse. Na época não entendia e não me importava em não entender. Apenas
gostava de algo que, hoje, identifico como o ritmo da escrita. Josué
Guimarães, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos,... Nossa, Jorge!
lembrei das minhas andanças solitárias! A adolescência é uma crise, não é?
Aproveitei o máximo. Pois é... acabava de parar com as aulas de balett e hoje
identifico esta busca pelo ritmo dos escritores como uma substituição, um
encaminhamento em relação à falta da dança. Outro: Cervantes, Proust, Ligia
Fagundes, Schopenhauer... tantos, tantos... de diferentes estilos. E quando me
apaixonava por um... lia vários do mesmo estilo até extinguir qualquer
entendimento. Lembro de um, acho que do Josué Guimarães que decidi: não
leio mais nada dele! Briguei! Nunca mais fiz as pazes! Era um texto tão triste,
tão solitário que... ali não tinha dança a dois! rsrsrsrsr... Ah! O James Joyce...
Mas vê bem que é como se fosse música! rsrsrsrsrsrsrsrsr Pois é... aí eu
conheci Lispector. Então comecei a escrever. Aí, as coisas mudaram em
relação ao que escolho para ler. Perdi a busca somente pelo ritmo. Agora,
depois dela, quero também a letra. Aí... nunca mais dormi! rsrsrsrrsrsrrsrsr... E
comecei a minha psicanálise e os textos de Lacan, para mim... trazem muita

coisa que me faz escrever!

6.- Mais uma para o rol das coincidências. Na casa da minha infância, ao
lado do imponente telefone preto que eu chamava de “cuervo” –porque
sua campainha para mim sempre soava a mau agouro–, havia um bloco de
anotações. Em cada uma das páginas, a impressão reiterada da mesmíssima
mensagem: “Não fale, escreva”. Acredito que tenha sido uma das minhas
primeiras leituras. Obedeço até hoje. Mas, mudando de assunto: tenho a
impressão de que no Brasil existem mais poetas que leitores de poesia.
Talvez isso reflita o fato de que ser poeta é condição inata de (quase) todo ser
humano, exercida pelo menos em algum momento da vida. Já ler poesia é um
hábito, é preciso adquiri-lo. Pertenço ao MSB (Movimento dos Sem Blog), mas
sem radicalismos. A cada tanto peço pouso na casa de algum poeta amigo
(Indecentes Palavras é um dos meus endereços preferidos). Enfim, qual é a tua
opinião sobre a proliferação desenfreada de blogs de poesia?

Pois é... vejo os blogs e algumas redes sociais, como nossas praças de hoje.
Nelas falamos, brigamos e expomos o que temos de melhor ou pior. Neste
sentido gosto muitíssimo e vejo neles, nos blogs, uma função social importante,
com outro rosto. Por aí, talvez, por ter que ser esta " praça" lida,... talvez
faça nascer mais leitores de poesia. É um pensamento que surge agora. Não
consigo ver algo ruim, nisso. Os estilos são escutados, com esta voz de dentro,
do leitor. Os estilos são compartilhados e... isso que dizes sobre o "poetar"
ser condição humana, nunca foi tão comprovado. Porém... publicar num blog
não é publicar num livro; colocar no blog, no meu entendimento é fazer valer o
processo, em andamento, na carne e sangue que nasce o poema; com seus
possíveis problemas, sua falta de coberta macia... sua frágil moradia que é o
possível leitor. Porém... o aumento desse tipo de publicação, o aumento deste
tipo de relação só nos faz pensar na solidão, cada vez maior, do poeta. Solidão
não somente na escrita mas... na pessoa do escritor. Não somente para quem
escreve. As redes sociais e os blogs medem a febre, avaliam o sintoma desta
solidão humana que se transforma em aconchego virtual. Errado? Não! Mas...
há uma mudança muito significativa e escutar isso é importante para revermos
padrões estáticos de normalidade ou loucura. Estes dias mesmo... falávamos
nisso, na produção do escritor e sua loucura... Pois é... os blogs são uma forma
de fazer poesia.

7.- Nada tenho contra as novas mídias, mas confesso que sofro de uma
espécie de fetichismo com relação ao livro como objeto de desejo. O livro tem
cheiro, textura, enfeita belamente as prateleiras e não traz junto, de brinde, as
onipresentes ferramentas de invasão da privacidade, como o GPS ou o celular.
Notes, tablets, pods e pads têm a vantagem de ter luz própria para burlar
as trevas, mas o livro tem outro jeito de iluminar. O Chá das Cinco já está
esfriando nas xícaras, quando teremos mais Adriana Bandeira em livro?

Pois é... o sujeito que lê o texto no livro é diferente do sujeito que lê na tela.
São lugares subjetivos diferenciados e prometem experiências novas em
relação a isso. Também gosto do cheiro, da cor... aliás isso tem tudo em
comum com a letra que tem dentro. Mesmo que seja o "capista" o outro
artista, no conjunto, a nuance, o traço... é também leitura. Hoje autorizo-me
a não gostar ou gostar... destes segredinhos que nos tomam como: cheiro,

cor, sabor, textura, etc... O livro "Indecentes Palavras" está pronto. Com
apresentação de Jorge Rein e Sidnei Schneider, com algumas palavrinhas de
Fernando Hartmann, psicanalista... Mas, faltou grana. Rsrrsrsr Tive algumas
mudanças sérias nos últimos seis meses, na vida mesmo, e tive que protelar
um pouco a publicação. Aí nasceu o blog Indecentes Palavras, que do livro tem
apenas dois ou três textos. Mas o blog nasceu desta falta que me fez adiar o
lançamento do livro. Acho que... setembro, outubro...Vamos ver!

8.- O vaivém dos e-mails na construção desta entrevista, que mais parece um
diálogo, me fez lembrar de um projeto em comum que deixamos um pouco
abandonado. Será que aquele dueto que ensaiamos foi uma tentativa de
amenizar a solidão do escritor da qual falamos, porque éramos leitores de nós
mesmos, próximos e imediatos, e o desafio mútuo nos tornava mais hábeis
neste ofício da palavra (também mais desvairados). Eu sinto falta disso. Como
foi para ti essa experiência?

Como foi? Não pensei que tivesse terminado rsrsrrsrsr. Sei que a próxima carta
é a minha e, talvez esta troca esteja realmente mexendo com meus neurônios
rsrsrrsrs pois acordei hoje, pensando na respostas, depois de todo este
tempo! Esta experiência tem sido maravilhosa! Primeiro porque... respeitamos
o tempo um do outro. Sei que podemos retornar sempre; segundo... porque
me faz experimentar uma coisa que nunca pensei: pensar, escrever, ser...
um homem! Não foram raras as vezes que eu pensei em te pedir para
trocarmos... eu adoraria fazer o meu papel mesmo rsrsrsr Mas não acredito
que acontece para amenizar alguma coisa, não! Pelo contrário! Acho que... há
um encontro, aqui. Talvez de semelhanças, de danças, de escolha. Acho que
nos escolhemos e isso é algo maravilhoso! Nossa troca de correspondência...
acho muito legal. A ideia foi nova e espero, um dia publicar. Não em
indecentespalavras, mas em textura, cor e papel. Logo vai a carta... Aproveito-
me desta habilidade masculina de me atrasar, de não entender direito o que as
mulheres querem rsrsr Escrever como Thomas é algo encantador! Isso me faz
respeitar e amar cada vez mais a condição masculina.

∞. – Então é isso, Adriana. Acho que não me resta por quebrar mais nenhuma

das regras de conduta sugeridas pelo Manual de Procedimentos do Bom
Entrevistador (edição corrigida e revisada). O que eu gosto mesmo é de estar
contigo, sem grandes protocolos. Poderia estender esta conversa por uma
eternidade. Nem chegamos a falar da presença obsessiva da figura do Pai,
Montenegro como pano de fundo, rios e trilhos, trens e navios fantasmas,
estações e estaleiros... Mas estamos tirando espaço e tempo da poesia, o que
é imperdoável. Não vou pedir nem mesmo para dares um recado final, porque
esta é a tua casa, mas aceito um poema. Eu te devolvo a chave e agradeço o
convite para ser, neste breve intervalo, o hospedeiro. Mas antes de partir, te
roubo um...

beijo com todas as letras!

Existe aquele de mim que faz nascer poesia. E ele compartilha da solidão da
letra e da palavra companhia. Ele não vai embora e não vem como se quer.Apenas nunca se desfaz. Não sei o que rasga em mim restar poema, mas nada, antes, foi tão para sempre assim, farol de estrela. (adriana bandeira)

beijo com uma das tuas letras, Jorge.

2 comentários:

  1. Que bela entrevista, Adriana! Parabéns a ti e ao Rein entrevistador. Beijo, Cris.

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  2. Hey, amei a inversão de lugares, porque mudaram as perguntas e a Poesia se manteve soberana em sua dialética...ela é a arte que nos une sempre... e Jorge o diz também, relembrando Autran Dourado: "A poesia é um risco: no papel, no bordado, na vida..." sim e também no tempo de quem ama o desafio de viver por um não simples morrer... e?.

    Beijos aos dois, parabéns Adrina, o Indecentes Palavras está cada dia melhor.

    Carmen.

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