domingo, dezembro 26, 2010

Ensaio sobre o amor II


Naquele dia precisava dizer-lhe. Mesmo que o tempo pedisse a alegria das horas. Quase em silêncio,encantaria os pássaros que se alçavam dos ninhos.Era a festa da ternura!Há vida maior do que saber que se sabe ir embora?
Diria sobre minha incessante vontade de ouvir-lhe a voz nas ruas do dia.
Adormeceria para sempre, noite após noite escutando qualquer coisa, sua voz que se apagando restava no sonho, como parto de mim. Poderia contar de suas mulheres, de suas descobertas, suas denúncias. E tudo seria outra coisa pelo encanto de sua voz, registro feito desde criança no que se perde de lembrança. A voz é um eu inteiro!
Algumas palavras riscando meu corpo que abria em restos. Outras apenas me fazendo dormir.
Assim eu lhe diria: não nos veríamos mais a não ser se todas as noites fôssemos barco e cais. Acabei por escrever um bilhete que nunca entreguei: não volto mais.
Era verdade... Nunca voltei do vôo, de lá... de todas as noites que me dás.

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