quinta-feira, dezembro 15, 2011

música de menina

É o barulho das xícaras ainda extintas, no tinir das flores na chuva.Era o verão das madrugadas,as janelas abertas nas calçadas,compartindo o antes e o depois de dormir.São ainda os primeiros vestígios,copos,luas,cadeiras,vestidos que me fizeram nascer menina.Ah!Volto aos utrensíliuos quando a dor cega minha cantiga.

Busca

...um eu te buscará, mesmo que distante!Um eu te trará de volta, ainda que antes, nem saibas que eu te quer.Um par de velas, um leito, um verbo em relevo e deito...na terra para te tocar.Sou apenas um dos cais.

Dia de chuva

O encanto das sombras cercou-me impunemente buscando a luz que nem habitava em mim.A luz é sempre da rua, das passagens obscuras, recantos de onde verte a palavra .Por hora ressentida e inquieta convivo com isso, este tecido escuro que me persegue.Por vezes some, adormece e é quando eu...planto terra,esparramo grãos.

Perdoa-me

Perdoa-me por morrer de prazer,de rir, de querer.Perdoa-me por morrer!

Conceder-se

Concedo-me o pouco da graça, letra intacta e suspiros em som.Concedo-me a solidão imaginada, em que me falto e à mim cala, qualquer outra voz.Dou-me, ainda que tardia, a escutar as luzes que me vasculham, escuridão.Amo-me ainda que pouco, ainda que os restos de uma razão.Se for tarde, que me procurem as horas para reclamar e dizer diferente.Sendo cedo, que me dêem a angústia da espera, pequenas paixões.Sendo a hora, a certa estrada, que eu me ceda às raízes desterradas, para plantar-me nova e abrir botão. Que eu volte a dizer que amo, ainda hoje, nascida do chão.(Adriana Bandeira)