segunda-feira, julho 25, 2011

poeminha a dez mãos

Bicicleta é susto que anda, chocolate é doce de festa, bombons...minha promessa.Assinado: Anita e Adriana

Fala da escrita

Se resolvo,moro na razão errada.Indecisa,calo a verdade de nada.Por vezes escrever...é a única palavra falada.

Olhar de espera

O ponto mora no quadro que pede o olhar na tela.O ponto é toda...a segunda espera.

A hora

É a fresta
da ternura
gota alva
abertura
por onde nasce
todo
o segredo.

domingo, julho 24, 2011

Todo os dias

Temos uma simples reparação.O dia nos atravessa inconsciente, marcando sempre, a próxima condição.Somos a última invenção.

Reconstituição

O resto é parte tão pequena que acaba desenhando sempre mais do que a cena.

Palavra não toda

Dizem os gestos
que se fosse toda
a palavra nem seria metade
mas o único possível
incesto.

Palavra magia

Não pergunte
se já vais.
Nem assenta
a história tua
palavra magia.
Que estranho lugar é este
...das despedidas.

Vidro embaçado

Respiração de vitral aquece o sono,como sonho de caixa que desenha um coração na janela.Respiração de gente nem sempre não é de quem já morreu.

Pela primeira vez

Quero o que se constrói,o que indiferente se funda,quando da primeira vez.Quero morrer costurando palavra, roupa do frio,tecido da casa.Nem pela estação nem pelo gosto, nem pelo gesto olhar.Mas pelo tempo que passa e não pára, que estanca e não segura a própria mirada.

quinta-feira, julho 14, 2011

poeminha a quatro mãos

Para Anita chiquita,pecosa,xuxosa...Para a Anita chila ...minha palavra escrita em: perfume,batom,creme,xícara,chocolate,boneca,maclanche,boneca do sábado animado,livro da cigarra e a formiga...assinado...Anita!

quarta-feira, julho 13, 2011

deslealdade

Receio em esperas que ordene o cuidado: amor sem tato, resta olhares e ouvidos atentos.Censuras! Ainda nua,sangro minha falta de lealdade, rua,esfinge,verdade que prepara sempre o que vem depois.

Letra de pé

A sombra fez o desenho do pai na janela.E para sempre ficou lá,o pé da letra dela.

segunda-feira, julho 11, 2011

Vida curta

Meu pé inchado que dá gosto não dançar.Fui forrozeá e gastei um osso que nem vaca, que nem porco, quando esconde a hora da "carneação".Encosto minha barriga que mexe, meu peito que esquece e vou dormir de tanto frio.Nasci sem ninguém saber que morri.

Lininha do forró
Vozes: o marcador vozes representa várias falas, de outros tantos.

Depois do fim do mundo

Recolho o terço enrolado, eu que nem sou de rezar! Guardo num papel de seda, apaziguado como sendo meu primeiro ato de fé.Percorro ainda alguns lugares e recolho sapatos, uma garrafa e um livro.Tudo sobreviveu depois da última explosão do mundo.

Mudança

A rua nem me traz.Mas venho ainda com as flores de antes, como despida de chances na intenção de mudar.A nua, mora ali, onde ninguém mais.

domingo, julho 10, 2011

TEAR

 Aberta a folha tecido, leve suspiro que a agulha inventa.Desenha os olhos, o ventre , a voz que sente de algum lugar suspirar.Penélope não desmancha! Só borda na noite o avesso, pelo que, à ele, " te ar".

quarta-feira, julho 06, 2011

Poemas de rua...a cidade em mim: colonização



Ruídos de antes

Assombra a voz
que desata o rio.
É de restos a língua
da pátria descalça.
Ouço  segredos  da mata,
 numa mistura de pele
 e mar.
Ainda o estalo da casa
 rezando missa, matando gente
 para os animais.





Tempo da Enunciação

Fui colonizada, importunada pela estrada esquisita que sangra ainda o ventre do mês. Concebida na ordem estranha que determina uma, a cada vez. Por hora escondida ,ouço homens falando sobre terras, segredo de guerra.Ainda pronunciam meu nome como parte de acordo, trabalho do sonho, para dormirem em paz.




Palavra de índio

Tínhamos um segredo. Não seríamos os únicos no infinito azul da água e do céu. Revelado, nas folhas que surgiram do riso alado, reverenciamos a verdade incansável da primeira invasão.Hoje ainda os gritos e a palavra, que carregamos na pele da mão.
Adriana bandeira
Abril 2011


Sinal de nascença
Recolho do braço o relógio do pai .Já não o tenho mas está ali, a marcar.Na hora do sempre açoitando negro fujão.Só não entendo as roupas que lavo, o canto que falo, sem calar.Tão longe de casa, pele escura sem marca.Construindo  estrada que não tem perdão.
Adriana Bandeira
Abril 2011


Dia de fala
A fome mata o amor. O rio acorda e leva e trás. Abre o bicho no meio que a carne se aproveita  mais.Olha nos olhos que é para não ter covardia.Hora do descanso, do desfecho, da folia.A Nega prepara o azeite.Torresmo do bicho morto na enchente.Ladrão?Eu sou o carneador, o amador do cheiro de gente.
Adriana Bandeira